quinta-feira, 21 de agosto de 2014

ÁGUA - É preciso conscientizar

Em uma cidade que convive praticamente todos os verões com o drama das enchentes, enfrentar uma crise de abastecimento pode parecer algo incomum. No entanto, há pelo menos dez anos já se sabe que são necessários investimentos no setor que permitam a construção de novos reservatórios e melhorem o sistema de distribuição de água tratada em São Paulo. Bastou, então, um verão atípico para que chegássemos a uma situação crítica.
  
       Diante de um quadro tão grave, discutir o problema em sala de aula torna-se ainda mais importante. Em nosso colégio o assunto água é trabalhado em vários momentos: nos projetos da Educação Infantil, como o das árvores ou o dos animais dos Polos, por exemplo, mas ganha um especial destaque no 3º ano, quando é tema de projeto, e depois é retomado no 6º ano, como parte do estudo do planeta Terra.

 

    Neste ano, os alunos do Grupo 4 fizeram um registro que gerou muitas reflexões. Anotaram, desde o mês de fevereiro, os dias de chuva. Isto porque estavam cuidando das plantas e verificando os dias em que era preciso regar.


 

Desde que foi criado, o projeto Água do Ensino Fundamental 1 inicia-se com a seguinte pergunta: “De onde vem a água que usamos no dia a dia?”.  É justamente a partir de uma questão sobre o abastecimento da população com água potável que os alunos começam a aprender sobre esse recurso natural e a pensar sobre as ações necessárias para evitar que ele se torne cada vez mais escasso.

Ao observar a evolução do abastecimento de água e da captação de esgoto ao longo da história, os alunos percebem o quanto já melhoramos em termos de saneamento básico. Porém, quando confrontam essas informações com as notícias a respeito da falta d’água em nossa cidade ou mesmo em outras regiões do Brasil e do mundo, veem que ainda temos muito a fazer até que todos possam dispor de água tratada.

O resultado desse estudo é transformado em uma campanha em que os alunos visitam outras classes e conversam com os colegas a respeito do assunto. Com essa ação, tornam-se, além de participantes desse esforço coletivo de economia de água, divulgadores de suas medidas e multiplicadores de atitudes cidadãs.

 

Vivemos em um país cujos recursos hídricos são abundantes, mas, para os habitantes de São Paulo, o abastecimento da cidade com água potável foi, desde o princípio, uma corrida contra o aumento populacional. Para que possam compreender melhor o desafio que é fornecer água potável para nossa cidade, anualmente levamos os alunos a uma das estações de tratamento de água da Sabesp. Desta vez a equipe de educadores do colégio tem uma missão a mais: deve informar nossos estudantes sem, contudo, alarmá-los.

A preocupação por eles demonstrada é grande e não tem sido uma tarefa fácil admitir que a reserva do sistema Cantareira possa acabar já em outubro. As discussões sobre a falta d’água continuam e, felizmente, é possível observar que o número de alunos que têm adotado medidas de economia de água vem crescendo.

Outro fato animador é o interesse de vários de nossos alunos pelas próximas eleições. Apesar da pouca idade, alguns falam como se já fossem eleitores. Os meteorologistas preveem mais um verão com poucas chuvas e a solução para o problema do abastecimento de água em São Paulo inclui fazer, nas urnas, a melhor escolha possível. Por isso, analisar as propostas dos candidatos ao governo estadual e discuti-las no espaço escolar também faz parte desse trabalho de educação ambiental.  

   

Estas questões tornam-se ainda mais relevantes para os alunos do Ensino Médio, uma vez que parte deles já tem direito ao voto e o posicionamento político partidário surge durante os debates. As discussões sobre o tema em sala de aula ganham uma abordagem mais ampla e aprofundada, levando-se em conta os aspectos políticos, econômicos e sociais não só de nossa cidade, mas do Brasil, e os conflitos pelo mundo que envolvem a disputa pela água potável.

Aspectos duros da realidade, como informações de que cerca de um sexto da população mundial não tem acesso à água potável, que 40% dessa população não têm instalações sanitárias em casa, que aproximadamente 80% das doenças que ocorrem no mundo estão relacionadas ao consumo de água em más condições sanitárias e que, em cidades como São Paulo, cerca de 50% da água potável se perdem por vazamentos, infiltrações, ligações ilícitas e por desperdícios, despertam a consciência para os complexos problemas que envolvem a urbanização nos grandes centros ao redor do mundo.

Pensar, conhecer, refletir e agir... são quatro verbos fundamentais que permeiam as atividades pedagógicas na escola e que estão a serviço da construção da participação cidadã.