quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

As histórias em quadrinhos na escola

Por Patrícia Vasconcellos

Neste ano tive a oportunidade de retornar para a sala de aula e atuar diretamente com as crianças em processo de alfabetização. Foi um dos momentos mais significativos no meu percurso como educadora, pois pude acompanhar mais de perto o despertar para o mundo letrado. Sabia o quanto era importante desenvolver este trabalho de forma agradável e divertida, para que as crianças sentissem prazer em aprender e desenvolvessem o gosto pela leitura e pela escrita. 
Durante o ano, apresentamos muitas propostas significativas para o avanço no processo de alfabetização. Temos uma sequência didática para este momento do ano em que as crianças são convidadas a conhecer e a criar histórias em quadrinhos, sendo, assim, desafiadas a utilizar seus conhecimentos sobre a linguagem escrita em um contexto divertido e muito atraente.


A proposta da Biblioteca Circulante para os alunos foi diferente da apresentada nos trimestres anteriores, pois nos aprofundamos ainda mais nas reflexões e discussões a cerca de aspectos importantes da Literatura. Desta vez exploramos as obras de Eva Furnari, com o objetivo de conhecer mais sobre as relações entre o texto e a ilustração. Nas conversas em classe, os alunos descobriram que esta autora/ilustradora criou tirinhas e livros sem texto que dispensavam a palavra escrita; que ela também utilizava muito humor ao brincar com as palavras/imagens e que a sua principal personagem era a Bruxinha, com o seu traçado muito característico. Assim, as crianças foram se apropriando do estilo da autora. Fizemos muitas observações e discussões sobre os seus livros e os comparamos aos de outros autores/ilustradores. Nestes momentos, fizemos muitas discussões e comparações de livros que têm escrita e de livros só com imagens e como os indicaríamos aos amigos sem antecipar muito a história.

 

Ao mesmo tempo, apresentamos às crianças a biografia e a obra de Maurício de Sousa e as peculiaridades da linguagem dos quadrinhos (uso de diálogos, onomatopeias). Foram conhecendo este autor, que também trata da imagem e do texto de forma complementar. 

 

Organizamos uma pequena Gibiteca na classe que contribuiu para aproximar ainda mais o grupo da leitura, despertando e sensibilizando o olhar para os detalhes, as imagens e a fala dos personagens. Em muitos momentos, víamos as crianças organizadas em grupinhos para a leitura dos gibis. Estavam sempre com os olhos atentos e concentrados, rindo e se emocionando ao ler, fazendo os sons: Cabum, Socoooorro!... Identificavam-se com algo que já tinham visto ou vivenciado e até, muitas vezes, com o projeto estudado: “Olha, esse quadrinho tem os planetas e o sol”; “Essa história tem um ET”.; “Hoje eu trouxe um gibi sobre o universo e eu queria mostrar na roda!”.


Propusemos às crianças a criação de um personagem, um ET. Cada um deveria pensar em suas características, desenhá-lo, escolher um nome para ele e criar uma situação interessante. Nossa ideia era a de unir esta linguagem ao tema do Universo. 


Muitas atividades foram propostas para que as crianças se apropriassem das características deste tipo de texto e para que pudessem construir, com originalidade, as suas próprias tirinhas. 


E assim, com o resultado deste trabalho, estamos preparando uma revista de tirinhas, dos autores e ilustradores do 1º ano, que será compartilhada com os familiares e amigos.