quarta-feira, 22 de junho de 2016

Do pequeno Pablo ao monumental Picasso: nas aulas de Artes e de Espanhol, o desvendamento da obra do artista

Por Tania Vasone e Guilherme Viana


Nosso colégio é conhecido e reconhecido pelo trabalho pioneiro em arte-educação. Durante nossos 50 anos de existência, todas as equipes de professores foram motivadas a compreender a necessidade de garantir o trabalho de expressão dos alunos nas diversas manifestações artísticas.

A obra de Picasso e as mudanças do cenário artístico mundial, impactado por seus trabalhos, sempre foram tema de estudo de nossos alunos e professores. Tania Vasone, desde sua formação como artista e professora, tem especial interesse e admiração por ele. 
Assim, quando soubemos que o Instituto Tomie Ohtake traria a coleção das obras de Picasso do Musée National Picasso-Paris, vimos a oportunidade de estudar mais uma vez a trajetória do artista e da cultura espanhola. 

A exposição Picasso: mão erudita, olho selvagem nos deu muitos temas para discutir com os alunos: a genialidade dos artistas, como os museus formam um acervo, a importância da curadoria na montagem de uma exposição, despertando o interesse para vermos estas obras que nunca vieram para o Brasil. 

De início, os alunos pesquisaram e escreveram buscando entender que “A curadoria é um processo de organização, cuidado e montagem de uma exposição artística, selecionado pelo museu e pelo curador”  e sobre o museu – “Primeiro os museus precisam organizar suas obras por período, tema ou estilo, escolhendo uma localização para elas. Depois escolhem uma equipe para comandar, curadores, pesquisadores, montadores e produtores”.

Paulo Freire, certa vez, disse que a chave para a educação era a empatia, ou seja, só podemos aprender algo de verdade se houver algum laço de reconhecimento de si ou para si naquilo que estudamos. Portanto, precisávamos encontrar uma maneira de fazer os jovens terem alguma empatia com o inigualável Picasso. Porém, como criar empatia com alguém inigualável? Como se reconhecer na figura de um dos maiores mestres das artes da história da humanidade? 

Eis que a resposta estava na figura anterior ao magnânimo Picasso: o pequeno Pablo. 

Aproveitamos para unir os conteúdos das disciplinas de Artes e Espanhol. O professor Guilherme participou de várias etapas do trabalho e, assim, iniciamos a nossa preparação para a visita à exposição. 

A leitura compartilhada de um livro, em espanhol, que traçava toda a infância do pequeno Pablo, do início de seu percurso até ser reconhecido como figura única, permitiu que os jovens tivessem a chance de se conectar ao artista e de se perceber como iguais em muitos aspectos, como uma criança curiosa que olha para o mundo e que o experimenta. O interesse dos alunos havia sido despertado.

Nas aulas seguintes, falamos sobre o movimento cubista e a importância de trabalhos como Guernica e Les Demoiselles d’Avignon. Foram, assim, conhecendo a vida de Picasso e as influências da cultura espanhola, que se tornaram o mote de sua temática quando adulto. 

Durante a leitura, em uma aula conjunta com os dois professores, fomos pontuando aspectos variados dos quadros e temas ali contados, trocando ideias sobre as percepções de cada um. 

O que mais gerou discussões nos grupos foi a questão da tourada, muito retratada pelo artista, hoje entendida por nossos alunos como maus tratos ao animal. Aproveitamos para discutir sobre como é importante considerar o tempo histórico e compreender como os valores vão sendo modificados.

A etapa seguinte foi a experiência da exposição em si. Sim, experimentamos aquele espaço tão sensivelmente pensado, aquele acervo tão singularmente produzido e todas aquelas inesquecíveis trocas de conhecimento com a educadora do museu.  Ela nos propôs muito mais do que uma visita monitorada expositiva, nos convidou a uma construção de conhecimento, dando aos nossos jovens todas as chances de compartilhar tudo o que já sabiam e de sair de lá com muito mais em sua bagagem intelectual.

 


 
 

De volta ao nosso atelier, na escola, escolhemos diferentes temáticas das obras de Picasso e propusemos mais experimentações. No 8º ano, a proposta foi representar o violão, assim como Picasso, utilizando técnicas variadas. No 9º ano, o uso da linha contínua para a representação de uma forma. Os alunos da 1ª série do EM fizeram colagens a partir dos estudos do Cubismo Sintético. A 2ª série utilizou a pintura para representar as figuras escolhidas na forma cubista. 
A 3ª série se encantou pelas diversas fases e representou a fase azul e a fase rosa da forma como as compreenderam. 


De admiradores para semelhantes, de semelhantes para conhecedores e de conhecedores para produtores, esta foi a trilha artística complementada pela produção de um texto na língua materna do pequeno Pablo, buscando representar o tamanho do impacto da arte de Picasso na alma de cada jovem.

Os trabalhos já estão expostos na escola e o resultado ficou encantador! 

Estão todos convidados a vir apreciá-los!