quarta-feira, 23 de março de 2016

Quem quer brincar?

Por Vivian Gouvea 

Ao longo da Educação Infantil, depois de trilhar um percurso, as crianças passam a diferenciar o mundo real do mundo imaginário. O importante é que estão sempre aprendendo a atribuir significado para as coisas, entendendo as relações estabelecidas pelo contexto social do qual fazem parte, o que possibilitará a diferenciação do real e do imaginário, demonstrando que estão crescendo. 

Por meio das brincadeiras, são criadas para as crianças situações de resolução de problemas, como dividir materiais e trocar papéis. Enquanto brincam, elas devem ter certa autonomia para escolher seus parceiros e os papéis que irão assumir em determinado tema. Esses problemas possibilitados pelo ato de brincar são fundamentais na aprendizagem, já que se cria um espaço em que as crianças podem experimentar diferentes ações do mundo “real” e internalizar ideias sobre as pessoas, os sentimentos e os diversos conhecimentos. 

O autor Rubem Alves descreve bem essas situações, experimentações e sensações vividas pelas crianças durante as descobertas do brincar no livro QUANDO EU ERA MENINO: “A imaginação gosta de brincar. A brincadeira de que ela mais gosta é o faz-de-conta. É brincando de faz-de-conta que ela constrói brinquedos. Faz de conta que uma lata de sardinha é um carrinho. Faz de conta que um cachorrinho de pelúcia é um cachorrinho de verdade. Faz de conta que um travesseiro macio é uma pessoa de quem a gente gosta muito. Faz de conta que esses bolinhos de barro são brigadeiros. Faz de conta...”.

A criatividade está sempre presente nestes momentos, pois, para a criança, basta olhar algum objeto sem vida e, em questão de segundos, ele se transforma em algo fenomenal e incrível!

De acordo com o Referencial Curricular Nacional, o professor é o responsável por apresentar brincadeiras às crianças, oferecendo diversos materiais, como fantasias, brinquedos, jogos, a organização do espaço e o tempo para brincar. 


E é isso que os alunos do Grupo 4 estão vivenciando no projeto “Brinquedos e brincadeiras”. 

Toda semana eles aprendem uma brincadeira nova, estão construindo brinquedos com sucata e ampliando o repertório sobre a história dos brinquedos, descobrindo e comparando os mais diversos materiais.

“A brincadeira é o resultado de relações inter-individuais, portanto, de cultura. A brincadeira pressupõe uma aprendizagem social. Aprende-se a brincar.” Gisela Wajskop – Educadora.

 

                                                                                    
As obras de Portinari que retratam as brincadeiras serviram de inspiração para as conversas sobre como as crianças de outros tempos e lugares brincavam.
As crianças pequenas, ainda muito egocentradas, mantém uma ideia imediatista e pronta, ou seja, de que os adultos foram sempre adultos e que os idosos foram sempre idosos. 

Por este motivo, as visitas dos avós foram tão importantes. Puderam iniciar a reflexão sobre essa passagem do tempo e suas transformações. Ter contato com os relatos de infância de seus avós é possibilitar que descubram semelhanças e diferenças entre as brincadeiras, brinquedos e costumes contemporâneos e antigos. Os relatos regados a boas lembranças encantaram a turma que se interessou bastante pelas histórias, desde o local onde moravam, com estradas de terra e brincadeiras na rua, até os brinquedos que eram confeccionados por quem queria brincar.

 
 

Após os relatos, pudemos vivenciar todas as brincadeiras: amarelinha, passa-anel, cantigas de roda... 
Vamos sempre relembrar estes bons momentos que passamos com essas pessoas tão queridas! As brincadeiras tradicionais ganharam um encanto especial, pois foram apresentadas e relatadas por pessoas especiais.  

Enfim... brincar é algo fundamental quando falamos em crianças pequenas, em educação infantil, e isso o Grupo 4 tem feito bastante.

Quem quer brincar?