quarta-feira, 5 de outubro de 2016

A aula essencial

por Theodora M. Mendes de Almeida


Fernando José de Almeida foi meu professor de Didática na Faculdade de Pedagogia da PUC, no início dos anos 90. Desde então, minha ideia sobre como deveria ser um grande professor está relacionada às minhas memórias de suas aulas.

Culto, inteligente, engraçado e afetivo são algumas de suas qualidades que me marcaram como aluna e como pessoa e que ajudaram a pensar sobre uma referência de atuação dos professores em sala de aula.

Como diretora pedagógica, meu principal foco de trabalho tem sido a formação dos professores. Tenho me empenhado em ajudá-los a melhorar, cada vez mais, a sua atuação.


Para a abertura do nosso VII Simpósio, evento interno da equipe pedagógica de todos os segmentos, que tem o objetivo de trazer mais reflexões e informações a respeito da prática educativa em nossa escola e em outras instituições, relacionando a tradição ao tempo atual, convidei o professor Fernando. 

O tema AULA ESSENCIAL foi proposto por ele em várias conferências que realizou pelo Brasil com inúmeros professores da rede pública e privada: https://www.youtube.com/watch?v=uYDOR6dN71E. Achei que seria muito apropriado trazer suas reflexões para o momento que vivemos, de revisão de nossas práticas, vividas nestes 50 anos de nossa história.


O professor começou falando sobre um primeiro critério para a realização de uma aula que é o afeto. Segundo ele, o fato de o professor gostar dos alunos é um grande fator motivador para que prepare uma aula.

A escolha cuidadosa dos conteúdos (alicerces, combustível) garantem a manutenção da natural curiosidade do aluno “ Todo mundo quer aprender”. 

Causar o espanto, o encantamento durante a aula é parte da autoria do trabalho do professor. Daí vem a autoridade, o repeito e admiração do aluno pelo professor.

Ele nos disse que embora a versão atual da aula tenha como modelo a prática do séc. XVIII, a verdade é que este modelo só sobreviveu até hoje porque tem, sim, uma eficiência. Na verdade, para ele, esta ideia de que o professor é o facilitador da aprendizagem é equivocada. Para ele o professor deve ser mais um “complicador”, no sentido de instigar o aluno para querer saber mais e melhor.

Há, portanto, uma exigência grande e esforço por parte do professor para conduzir o processo de aprendizagem do aluno. No entanto, como um processo orgânico, a assimilação é interna e individual. Passa não apenas pela vontade de aprender, mas também pela de se empenhar para a elaboração do que aprendeu. Há momentos coletivos, há treinamento de uso de instrumentos, há a necessidade de acionar a criatividade e a disciplina.


Todas estas contribuições, com certeza, ajudaram aos nossos professores a refletir sobre sua atuação em sala de aula. Na segunda parte do nosso Simpósio, a ideia é apresentar situações práticas para juntos refletirmos sobre os encaminhamentos mais interessantes para os professores e, principalmente, para os alunos. Todos nos enriqueceremos com isto.

De minha parte, foi um prazer enorme reviver uma aula essencial com o inesquecível professor Fernando, a quem agradecerei eternamente.