quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

O aprender contínuo da equipe pedagógica

Por Mônica Ipolito e Rosana Nunes

A principal função do coordenador pedagógico é criar condições para a equipe pedagógica aprimorar suas práticas na sala de aula, com o objetivo de ampliar o desenvolvimento dos estudantes em seu processo de aprendizagem. 

Nóvoa (1995) diz que: “O aprender contínuo é essencial e se concentra em dois pilares: a própria pessoa, como agente, e a escola, como lugar de crescimento profissional permanente”. Para esse estudioso português, a formação continuada se dá de maneira coletiva e depende da experiência e da reflexão como instrumentos contínuos de análise. 

Para garantir o aprimoramento das práticas pedagógicas dos professores de forma contínua e acompanhar os efeitos das novas tecnologias, nosso colégio acredita e investe na formação continuada da equipe de diferentes formas: palestras, reuniões individuais e em equipe , leituras, registros, reflexões, simpósios, visita a museus, etc.

Neste ano iniciamos a semana de planejamento com alguns temas propostos para refletir sobre a nossa prática. O nosso ponto de partida foi conhecer a importância das dez competências da BNCC e associar com o que esperamos dos nossos estudantes, no que se refere aos desafios, potenciais e limites.

Que ser humano queremos formar? Partindo desta pergunta convidamos alguns mestres e doutores da área da educação para refletir, analisar e nos ajudar a tomar novas decisões no planejamento das aulas de 2019. 

O nosso primeiro convidado foi Pedro Santi, psicanalista, mestre em Filosofia pela USP e doutor em Psicologia Clínica pela PUC-SP, professor da ESPM. Para a discussão abordamos  As questões da adolescência nos dias atuais.

Ao invés de dar respostas prontas, Pedro fez muitas provocações para a equipe do que temos oferecido aos adolescentes como, por exemplo, a perspectiva de futuro. Como os jovens podem olhar para o futuro, uma vez que passamos nossa insatisfação com o emprego, casamento, custo de vida… O adulto esquece-se de considerar que é o modelo para essa passagem tão importante da vida. Outras vezes os adolescentes são poupados e protegidos em excesso, o que o torna um indivíduo sem repertório para a resolução de problemas por exemplo.

Pedro destacou também as expectativas dos pais, a perspectiva de emprego, o futuro em aberto para os jovens… Nos dias de hoje a oferta de profissões é grande e os jovens, em sua maioria,  não estão preparados para essa escolha, o que gera angústia e insatisfação. Soma-se a isso a expectativa dos pais que depositam todos os seus sonhos e desejos não realizados e poupam os filhos dos erros que eles próprios cometeram. Dessa forma criam-se jovens que não sabem lidar com as frustrações, é a geração com “falta da falta”.



Nosso próximo convidado foi Hélio de Seixas Guimarães, professor livre-docente de Literatura Brasileira da USP, pesquisador do CNPq e editor da Machado de Assis em linha - revista eletrônica de estudos machadianos - que contribuiu com o seu vasto conhecimento sobre o escritor Machado de Assis. Conhecer melhor os modos como o autor foi sendo lido ao longo dos tempos, discutir o que há no texto do Machado que permite tantas leituras sobre ele, entender todas as questões que agitaram a vida do país do século XIX, foram experiências encantadoras que ajudaram a equipe de professores a adentrarem no universo machadiano. 

Foi um momento de grande aprendizado e resgate do Machado de Assis do tempo da escola. Quem não teve uma boa experiência ao ler as obras do Machado na adolescência, com certeza passou a ver de outra forma. 

Para manter a motivação de todos, continuamos a nossa discussão na biblioteca e trocamos as nossas experiências literárias relacionadas às obras do Machado de Assis lidas nas férias. Foi surpreendente ver os professores motivados e tão íntimos do autor.



Miguel Thompson professor, autor de livros didáticos e diretor executivo do Instituto Singularidades trouxe o tema Um currículo para a cidadania, para isso mostrou a trajetória do modelo de civilização da Antiguidade até os tempos de hoje. Destacou quais competências e habilidades são contempladas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a diferença das disciplinas e dos componentes curriculares exigidos hoje, a importância de se tratar o conhecimento como um todo e não mais em partes.  

Outro ponto interessante que vem ao encontro da identidade do colégio foi a perspectiva de ensinar aos alunos os  "6 C’s" da Educação para o futuro: pensar Criticamente, Comunicar com clareza, trabalhar de forma Colaborativa, abraçar a Cultura, desenvolver a Criatividade e utilizar a Conectividade.

Também levantou questionamentos relacionados à sociedade de hoje, novos tempos e espaços, as relações, os papéis de cada um. Ele nos fez pensar sobre o exercício de estabelecer novas rotas de trabalho com os estudantes e a necessidade de replanejar a aula valorizando a arte do diálogo.


Todos estes momentos foram importantes para a formação da equipe, que por ser diversa, pode lidar com os desafios de forma comprometida. 

Cada vez mais acreditamos na afirmação do Freire (1996, p.43): “É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”

Para saber mais:
NÓVOA, Antonio. (coord). Os professores e sua formação. Lisboa-Portugal, Dom Quixote, 1995.

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