quarta-feira, 1 de junho de 2016

Dois anos do BLOG do HUGO

Completamos, este mês, dois anos de existência! Nossa ideia não foi fazer uma “revista” de divulgação sobre o que ocorre no dia a dia da escola, mas, sobretudo, trazer temas, ideias, suscitar questionamentos acerca da nossa prática pedagógica diária, as orientações para os pais e uma mostra dos projetos dos diversos segmentos, da Educação Infantil ao Ensino Médio, pela visão de diferentes profissionais que compõem a equipe da escola.

Semanalmente, durante este período, mostramos as várias faces do trabalho realizado aqui no colégio.

Para evitar uma visão “institucional”, pedimos aos membros de nossa equipe – professores, tutores e orientadores – que propusessem temas e escrevessem sobre diversos assuntos; que mostrassem sua experiência, vivências, engajamento e visão sobre o que nos estimula e instiga como educadores.

Os temas escolhidos foram os mais diversificados, com o objetivo de cobrir uma gama ampla de abordagens e atender às diversas faixas etárias e interesses do público do blog, composto por pais, alunos e ex-alunos, profissionais e interessados em geral.

Só para lembrar o que já passou por aqui:

2014 _________________________

- As mudanças de ciclo na escola
- Festa Junina 2014
- Estudos do Meio
- Projeto Nutrição
- O importante período de férias
- REINICIAR... As férias chegaram ao fim, já é hora de retornar
- Dia dos Pais 
- Pensando em 2015...
- ÁGUA - É preciso conscientizar
- Seres fantásticos 
- A história das Exposições - nosso percurso na arte-educação 
- Sobre as Reuniões de Pais 
- Exposição  2014
- A Construção da Cidadania 
- BULLYING: Isto não é brincadeira 
- Dia do Professor 
- 5º Simpósio Interno 
- A aprendizagem de línguas estrangeiras na nossa escola
- A Educação Física no Colégio Hugo Sarmento
- Aprender a falar bem é conteúdo escolar
- Avaliação Final – A hora é agora
- O Ensino de Física no Colégio Hugo Sarmento
- Comunicar é preciso

2015 __________________________

- O valor da equipe
- O afeto e o livro
- Lição de Casa – Uma atividade importante para a formação estudantil
- Da ponta do verso
- Aulas de Culinária para crianças da Educação Infantil
- Olhar curioso, espírito investigativo e aquela vontade de desvendar todos os mistérios do mundo!
- Os estudos sobre espaço e forma
- O que é empatia para você?
- Formando leitores apreciadores de literatura
- Quem canta seus males espanta - Mais uma edição comemorativa
- A leitura e a descoberta dos clássicos
- A prática da leitura nas aulas de Inglês
- Comemorar ou não o Dia das Mães e o Dia dos Pais na escola?
- Meu caderno de desenho: um espaço de liberdade
- Brincando em serviço
- Atenção e memória
- Por que estudar sobre a China?
- Sobre escolas e palavrões
- Ler notícias no 3° ano
- A biblioteca como um espaço de aprendizado e lazer
- Decorar ou entender a tabuada?
- Escola é lugar de brincar!
- A morte, um assunto que ninguém gosta de tratar
- Cambridge English Exams
- A Educação Física para além da quadra
- A Geografia e o despertar para a dinâmica das cidades
- China: O que ainda temos a aprender?
- Criança ou Adolescente? A passagem para o 6º ano: “– Eles estão crescendo!”
- O ENEM no Hugo Sarmento
- Dia do Professor - Homenagem a Hugo Sarmento e à nossa equipe
- Do-in nas aulas de Yoga
- INCLUSÃO: uma demanda social que deve ser enfrentada sem rodeios
- VI SIMPÓSIO INTERNO - Os caminhos da proposta curricular
- Preparando as comemorações
- Estudar, sim! Mas, como? O trabalho de orientação de estudos na escola

2016 ___________________________

- Olhar para trás para seguir em frente
- Um olhar de quem está chegando
- O primeiro aluno
- Marco, Flávia e Alessandra - Ex-alunos que retornam como parte da equipe.
- Homenagem aos professores nos 50 anos da escola
- Quem quer brincar?
- Conhecimentos científicos na escola: transformar as informações em ações!
- A Importância do Silêncio
- A leitura está para a mente como a natação para o corpo. A orientação para a leitura de obras literárias no Ensino Médio.
- As aulas de robótica no Hugo
- Situações Comunicativas
- Sobre o brincar, um encontro e horizontes.
- Agrupamentos em sala de aula – o que os alunos podem aprender com isto?
- Pensando sobre a dependência do uso da internet
- É lógico!

Uma rápida olhada nestes diversos posts nos mostra a quantidade imensa de questões e possibilidades de trabalhos desenvolvidos pelos alunos aqui no Hugo, e mostra, ainda, as atuais exigências dos profissionais de educação e a experiência de fazer parte desta equipe e deste nosso jeito de fazer escola.

Escrever sobre os processos de ensino-aprendizagem, sobre a convivência no ambiente escolar e sobre as distintas relações que aqui se estabelecem estimula cada um dos profissionais a refletir e compartilhar.

Acreditamos na importância deste blog como veículo de transmissão de nossa visão de ensino que só se completa pela interação com o público a que se destina.

Para tanto, é muito importante o retorno dos leitores com comentários e sugestões sobre os temas a serem desenvolvidos aqui. Releia as postagens, comente, traga suas dúvidas e sugira novos temas.

Por favor, clique neste link https://pt.surveymonkey.com/r/blogdoHugo e responda a esta pesquisa rápida. 

Desde já agradecemos!

quarta-feira, 25 de maio de 2016

É lógico!

Por Leonardo Masaro


Professor: “O que é lógica?”
Aluno: “Lógica é uma coisa que... que faz sentido!”

Precisamente. Assim começou o curso de lógica para a 2ª série do Ensino Médio, na disciplina de filosofia. A lógica diz respeito à forma correta do pensamento, e a como tirar conclusões coerentes a partir de argumentos. No exemplo clássico:

Sócrates (a) é um homem (b) → a=b
Todo homem (b) é mortal (c) → b=c
Logo, Sócrates (a) é mortal (c) → a=c

A mortalidade de Sócrates decorre logicamente do fato de ele ser um homem. A esse esquema de pensamento Aristóteles deu o nome de silogismo. É interessante notar que a lógica trata apenas da forma do pensamento; seu conteúdo precisa ser de antemão correto. No vocabulário técnico, esses dois aspectos são chamados de validade e verdade de uma proposição lógica. Assim:

Os cachorros são inteligentes
Todo ser inteligente fala
Logo, os cachorros falam 

Esse silogismo é válido, isto é, está formalmente correto (a=b; b=c; a=c), e, contudo, sua conclusão é falsa, pois não é verdade que “todo ser inteligente fala”. Por outro lado, 

Todos os ziriguiduns são tchutchucas
Pedrinho é um ziriguidum
Logo, Pedrinho é um tchutchuca

Esse silogismo é formalmente correto, mas sua verdade é uma questão em aberto: o que são ziriguiduns e tchutchucas? Vemos, pois, que a lógica é uma ferramenta útil para se decidir sobre a validade de argumentos num debate – desde que haja acordo sobre sua verdade...

E quanto à sala de aula? Um exemplo de atividade interessante desenvolvida pelos alunos da 2ª série foi o jogo dos silogismos. Dividiu-se a classe em dois grupos. Cada um deles fez um desafio ao outro: partir de uma proposição e chegar, por meio do raciocínio lógico silogístico, a uma conclusão. A graça está no disparate. Por exemplo:

Premissa: João é um homem
Conclusão: Planeta Marte

João é um homem.
Todo homem é um mamífero
Logo, João é um mamífero

Mamíferos têm pulmões
Pulmões servem para respirar
Logo, João [que é um mamífero,] respira

Os animais que respiram, respiram oxigênio
Marte não possui oxigênio
Logo, João, [que é um mamífero, que respira], não respirará em Marte.
Imaginem a dificuldade que um dos times enfrentou para resolver este desafio:

Premissa: Os ratos gostam de queijo
Conclusão: basing-jump (um tipo de esporte radical)

Outra atividade, em desenvolvimento, é o uso da lógica como ferramenta de análise de textos argumentativos e de opinião. Nessa atividade, atualmente em curso, os alunos recebem artigos de opinião recentes, publicados em jornais, e devem fazer uma análise lógica dos mesmos: identificar as premissas, a cadeia argumentativa, e as conclusões a que chegou o autor ou autora. A partir disso, é discutida a validade de tais conclusões e, num debate mais aberto, a verdade de todo o argumento.
Estão sendo trabalhados textos de colunistas da Folha de São Paulo, como Luiz Felipe Pondé, Guilherme Boulos, Demétrio Magnoli e Vladimir Safatle, tratando de assuntos como a situação política atual, feminismo, uma teoria dos estágios da felicidade, o clima de intolerância em que vivemos, a questão de saber se o Brasil é um país muito religioso, o que é o populismo, etc. Neste processo, é curioso descobrir a diferença entre, ao invés de apenas discordar dos argumentos de um autor por algum motivo íntimo não questionado, reconhecer que, dado um ponto de partida, uma argumentação faz todo o sentido lógico, mesmo que não se concorde com ela.

Afinal, nem sempre o que é claro é lógico, nem o que é lógico, claro!

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Pensando sobre a dependência do uso da internet

Por Pedro Mancini

A atual fase da modernidade trouxe consigo, como um de seus benefícios, uma indiscutível melhora nos processos comunicativos: hoje, é conhecida e frequentemente destacada a possibilidade de interagirmos instantaneamente com pessoas das partes mais longínquas do globo. Ao mesmo tempo, estamos abertos à possibilidade de comunicação virtual em qualquer momento e local, bastando, para isso, que tenhamos acesso à tecnologia Wi-fi ou ao 4G do smartphone. Assim, podemos permanecer online em vários momentos do dia, estando aptos a receber mensagens instantâneas de nossos amigos, familiares e parceiros amorosos em tempo integral.

Concomitantemente, as possibilidades de entretenimento também se expandem exponencialmente com as novas tecnologias. Redes sociais como o Facebook, o Twitter e o Snapchat, canais de vídeos como o YouTube e inúmeros jogos fortemente envolventes também estão disponíveis à ponta de nossos dedos, e a tentação para acessá-los pode ser bastante poderosa. Poucos smartphones, atualmente, estão alheios a essas possibilidades – muito embora os notebooks e computadores pessoais de mesa ainda possuam vantagens técnicas e gráficas com relação a seus pares portáteis. 

É inegável que não podemos desprezar ou nos rebelarmos cegamente contra essas tecnologias: além de serem quase absolutamente inevitáveis no dia a dia de uma metrópole como a nossa, são bastante úteis e, em muitos casos, muito agradáveis. Permitem o acesso imediato a praticamente qualquer espécie de informação, a comunicação emergencial para a resolução de problemas urgentes, e são apropriadas como ferramentas para amenizar estresses trazidos pela vida cotidiana – fornecendo verdadeiras “dimensões paralelas” de magia e encanto, capazes de animar o mais cansado dos espíritos.

No Colégio Hugo Sarmento também valorizamos essas ferramentas. Nossos professores, munidos das novas tecnologias da informação, combinam as possibilidades pedagógicas trazidas pela modernidade com sua criatividade pessoal para planejarem aulas digitais que, além de abordarem temas escolares sob uma nova e enriquecedora perspectiva, são atraentes e dialogam com a realidade de nossos jovens – que aprendem, desde a tenra infância, a operar tecnologias que só se tornaram familiares para nossos olhos adultos há poucos anos.  Nenhuma instituição escolar pode se dar ao luxo de ignorar a informática e a virtualidade, e nossa equipe de professores não apenas está ciente dessa impossibilidade como possui iniciativa para acompanhar os movimentos da onda de inovação tecnológica in loco, vivenciando uma contínua atualização profissional. 

Como todas as características da modernidade, contudo, as “novas tecnologias” acima citadas possuem seu lado ardiloso – atuando, muitas vezes, como armadilhas para os mais distraídos. Tudo é tão grandioso na internet (como, por exemplo, suas ferramentas de busca, suas possibilidades de interação e de diversão) que é fácil nos percebermos totalmente mergulhados nela – passando da condição de meros usuários da tecnologia para simples utensílios da mesma! A vigilância deve ser contínua para que escapemos dessa absoluta inversão, mantendo um controle mínimo sobre como a tecnologia compõe nossa vida diária. 

Entendendo os riscos dessa imersão, e reconhecendo o quanto eles são especialmente presentes na vida das crianças e jovens (os chamados “nativos digitais”, que podem encontrar ainda mais dificuldades em interromper ou reduzir o uso de tecnologias mais atuais do que os adultos que já viveram tempos “menos tecnológicos”), o Colégio Hugo Sarmento articulou uma palestra de orientação sobre vício em internet, celulares e jogos eletrônicos em uma quinta-feira, dia 28 de abril – associando-a com as aulas de tutoria do Ensino Médio. 

A palestrante, Dra. Sylvia van Enck Meira, é formada e mestre em Psicologia pela USP e trabalha no Programa Ambulatorial dos Transtornos do Impulso (PRO-AMITI) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas. Entre as especialidades do setor, está a dependência da internet; assim, diversos profissionais do HC são comprometidos com a pesquisa e atuação junto a pessoas que apresentam essa dependência, que contam com atendimento especializado e grupos de apoio para minimizar sua relação com as tecnologias da informação, tornando-a muito mais saudável, de modo a não comprometer a produtividade e a própria felicidade individual. 

Abrangendo as três séries do Ensino Médio, a palestra foi dedicada a esclarecer as situações que geram dependência da internet, tais como seus sintomas, os impactos sobre a vida diária e as formas de detectar e administrar tal dependência. Uma versão do teste utilizado para medir o nível de dependência de pacientes do HC foi aplicada junto aos alunos, para que eles mesmos pudessem desenvolver consciência a respeito de como anda sua relação com o computador, o smartphone e seus inúmeros encantos e tentações. 

Esperamos que nossos jovens, munidos das informações dadas pela palestra e das orientações passadas pela tutoria, desenvolvam uma relação de “parceria saudável” com quaisquer formas de tecnologia que existem ou ainda existirão nessa era de permanentes mutações, por mais fascinantes e sedutoras que elas pareçam aos seus curiosos e apaixonados olhos! 

Para quem quiser saber mais:

Link para o site do HC: http://dependenciadeinternet.com.br/




quarta-feira, 11 de maio de 2016

Agrupamentos em sala de aula – o que os alunos podem aprender com isto?

Por Equipe de Tutoria

Essa pergunta está presente no nosso cotidiano, em todos os segmentos da escola. Além do conteúdo planejado, a forma como a sala de aula é organizada ajuda na aprendizagem e indica o que se espera de cada aluno.

Nas duplas, trios ou pequenos grupos de trabalho, além da construção do conhecimento, muitos valores são desenvolvidos como os de cooperação, argumentação, união de esforços, respeito à opinião do outro.


No trabalho conjunto aparecem os desafios nos relacionamentos. Muitas vezes há queixas iniciais sobre os colegas, mas, quando o trabalho flui, o compromisso com o outro tende a aumentar e passam a se respeitar e conviver melhor entre si.

Acreditamos que, além de todos os objetivos pedagógicos dos agrupamentos, aceitar mudanças é um ponto importante. Para mudar o olhar e o papel de cada um no grupo é preciso ir além do que é confortável e auxiliar o aluno a alterar a percepção de si mesmo e do outro.

Mario Sergio Cortella cita em seu livro Educação, Escola e Docência – novos tempos, novas atitudes: “Se há algo que nós humanos temos dificuldade é de assimilar processos de mudança. Mudar é complicadíssimo. Gostamos muito daquilo que nos é familiar, ao que já estamos habituados. Tem gente que senta no mesmo lugar à mesa para comer há 10, 20 ou 30 anos. Quando vem alguém de fora e não conhece os hábitos da família e se senta naquele lugar, causa uma instabilidade no ambiente. A pessoa até perde o apetite porque alguém ocupou a cadeira a qual está habituada.”

Esse processo é intenso e está ligado à maturidade de cada faixa etária. No colégio Hugo Sarmento, nós, professores, orientadores, coordenadores e tutores construímos esses agrupamentos com muito cuidado e afetividade. No Fundamental I, este trabalho é iniciado e a partir do 6º ano os alunos já participam destas decisões e fazem suas observações e críticas sobre esses agrupamentos, participando ativamente do olhar para si e para o outro. 

 

Para organizarmos os mapeamentos de sala, cada tutor, junto à sua turma, usa um ou mais critérios para chegar à proposta final.

Começamos com uma conversa sobre valores éticos de equidade e cidadania, a importância da convivência na sociedade e o respeito aos direitos e limites de cada um. Depois, seguimos com um levantamento de situações de relacionamento e dos propósitos e usos da sala de aula, elencando todas as atividades aí exercidas. O objetivo foi fazer os próprios alunos perceberem que a sala de aula é um ambiente para estudo e que para isso é preciso manter a atenção e o foco. A partir dessas conclusões, criamos alguns critérios importantes para atingir nossos objetivos.

Os tutores fazem algumas dinâmicas de socialização, como jogos cooperativos para que todos da turma se conheçam, se olhem, troquem para estabelecer os primeiros vínculos. Em outro momento, os alunos podem ser convidados a responder individualmente por escrito três perguntas propostas pelos tutores: Em qual lugar eu deveria sentar na sala para atingir meus objetivos de estudo? Qual colega é um bom parceiro de trabalho? Qual colega seria um desafio para eu trabalhar?

De posse de todas essas informações, os tutores esboçam uma proposta de mapeamento levando em consideração as indicações dos alunos, dos professores e do próprio tutor. O mapeamento sofre ajustes, de acordo com as diferentes demandas, quinzenalmente ou mensalmente.

Todas as vezes em que há uma mudança, nossos objetivos e critérios do uso e propósitos da sala de aula e das convivências em sociedade são sempre relembrados.

A vida em grupo nem sempre é simples e, para que não perca seu sentido, precisamos ampliar a noção de viver em sociedade e relembrar o que são os valores essenciais de respeito e união. Esses valores não são dados como instruções, mas, sim, como uma construção diária de reciprocidade. E assim vamos exercitando a arte de conviver.


quinta-feira, 5 de maio de 2016

Sobre o brincar, um encontro e horizontes

Por Lia Granado

Pode parecer estranho que justamente quem esteja escrevendo sobre o brincar aqui no Hugo seja a professora do 5° ano. Já falamos sobre este tema aqui no BLOG a partir do olhar das professoras da Educação Infantil ou mesmo dos anos iniciais do Fundamental I. 

A verdade é que a gente, no nosso pensamento cartesiano, acha que conforme as crianças vão crescendo elas deveriam brincar menos. E os adultos, então? Estes é que não estão para brincadeiras mesmo! 

Mas, não é bem assim... para mantermos a nossa saúde, todos deveríamos brincar. O brincar está presente em todas as etapas da nossa vida, ou pelo menos deveria estar. Esta é uma discussão bem longa que é feita de maneira deliciosa no filme Tarja Branca; fica aqui , novamente, o convite para assistirem a este incrível documentário.


Quero agora compartilhar com vocês alguns momentos deste trimestre,  os momentos em que eu e meus alunos brincamos. Sou pedagoga e, como tal, estou sempre preocupada com a aprendizagem. O que dizer do brincar? Uma forma de expressão que envolve o movimento, música, desenho, dança e criatividade. Ainda posso elencar tudo o que esta ação desenvolve: colaboração, resolução de situações-problema, observação e muito, muito mais! Sim, estes momentos foram cheios de aprendizagem. Mas o mais importante é que foram cheios de diversão!

O nosso projeto neste primeiro trimestre foi sobre as Regiões do Brasil e propus para os alunos que conhecêssemos como as crianças brasileiras brincam por este país afora. Toda semana, depois de pesquisarmos, o grupo escolhia algumas brincadeiras e íamos experimentá-las. Estes não eram os únicos momentos de brincadeiras da semana, mas era um dos mais esperados.

Algumas das brincadeiras escolhidas eram muito parecidas com as que os alunos já fazem aqui na escola e outras completamente diferentes, pois tinham uma enorme influência do local em que aquelas crianças viviam, como, por exemplo, a brincadeira da onça que traz muitos elementos indígenas

Brincamos muito na quadra, no morro e na classe. No frio, no calor. Com ou sem brinquedos. Livre ou com regras. O importante era brincar. Rir e se divertir. O aprender veio junto, misturado e meio que sem querer, mas querendo! 


Semana passada nós, professores, assistimos ao filme Território do Brincar, outro filme maravilhoso que acho que você deveria assistir também. Vendo aquelas cenas belíssimas das crianças de diferentes lugares do Brasil brincando, fiquei pensando nestes momentos de brincadeiras que eles têm aqui na escola. Como são importantes e de uma riqueza enorme.

Espero que lá na frente, quando eles se tornarem adultos, as brincadeiras da infância possam ter contribuído para um monte de “coisas”. Mas a coisa mais importante de todas é que possam garantir um enorme sorriso no rosto ao se lembrarem delas. 

E você, há quanto tempo não brinca?

Encontro com Renata Meirelles

Falando em brincadeiras, ontem comemoramos mais uma vez os 50 anos do Colégio com um encontro muito especial; Renata Meirelles, ex-aluna e pesquisadora do Brincar veio nos contar um pouco sobre como foi fazer seu primeiro longa metragem: Território do Brincar.

 

Sabe aquela pessoa que ama o que faz? Que você poderia ficado ouvindo por horas? Que te inspira? É ela! Renata nos contou com um brilho nos olhos como foi a sua viagem pelo Brasil em busca do brincar. Na verdade, em busca do humano, da beleza, do ser, dos sentimentos que o brincar traduz em toda sua essência.

Impossível não se emocionar ao ouvi-la, não se deslumbrar com as fotos,  com os vídeos das crianças brincando. Em meio à sua fala lembrei da minha infância e dos meus alunos brincando. Percebi que aqui em São Paulo, no Maranhão, na Amazônia somos muito parecidos! As crianças são muito parecidas, na hora da brincadeira se entregam totalmente e estão ali com todo seu desejo de ser.

A escola ganhou um grande presente com esse encontro! Enquanto professora, renovei muitas crenças e aprendi um montão de coisas novas. Ficaram dúvidas, dúvidas que me movem. Ficou uma certeza: em um mundo com tanta informação e atribulado... em uma cidade como São Paulo, a escola precisa garantir para os alunos este brincar, tão vital! Aqui no Hugo estamos sempre refletindo, pensando no nosso cotidiano e brincando! 

Agradeço a Renata por compartilhar um pouco da sua rica experiência conosco! Agradeço também por nos encantar. Boa sorte com seu novo projeto e já estou ansiosa para saber mais e mais! Ah, e muitos horizontes para você!

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Entrevista: uma situação comunicativa com muito significado

Por Rosana Nunes

O trabalho com linguagem oral deve acontecer no interior de atividades significativas: seminários, dramatizações de textos teatrais, simulação de programas de rádio e televisão, de discursos políticos e de outros usos públicos da língua oral. Só em atividades desse tipo é possível dar sentido e função ao trabalho com aspectos como entonação, dicção, gesto e postura que, no caso da linguagem oral, têm papel complementar para conferir sentido aos textos.
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: 1ª à 4ª série do Ensino Fundamental: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1997.p.49,51 e 52.

Criar situações reais de comunicação, para que os alunos possam planejar a fala, adequando-a aos diferentes contextos comunicativos, é uma das tarefas do colégio.

Durante todo o mês de abril, os alunos do 4°ano realizaram a leitura compartilhada do livro O tambor africano e outros contos dos países africanos de língua portuguesa e, no dia 26, receberam a visita de sua autora, Susana Ventura.

Para a realização deste encontro, os alunos leram a biografia da autora, elaboraram perguntas e trocaram opiniões entre si para observarem se as indagações sugeridas estavam coerentes.

Elaborar boas perguntas com antecedência foi um importante desafio para o grupo, pois, ao realizá-las, os alunos puderam aprender a identificar o que queriam saber sobre o assunto e ainda aprenderam a organizar a forma de perguntar e inquirir.

  • Você foi à África para saber de tantas histórias?
  • Por que o nome do livro é Tambor Africano?
  • Seus descendentes são africanos?
  • De onde você tirou a ideia de escrever um livro de contos africanos?
  • Quanto tempo você demorou para escrever esse livro?
  • Quantos livros você já escreveu? 
  • Você mudou as histórias? Por quê?
  • Você fez esse livro em homenagem a alguém? 
  • Que outras histórias você já escreveu? Você usa alguma coisa de suas viagens para escrever suas histórias?
  • Qual foi sua ideia para criar esse livro?
  • Você já falou com um africano?
  • Por que você escolheu esses países para escrever  o livro?
  • Quantos contos da África você já conheceu?
  • Como você traduziu esse livro?
  • O que precisa para escrever um livro?
  • Por que você decidiu ser escritora?
  • Você já pensou em outros trabalhos? Sobre o que vai escrever?
  • Susana, você já trabalhou em outra profissão?
  • Que país da África você quer conhecer?
  • Qual foi seu primeiro livro?
  • Essas histórias são para todo mundo ou só para crianças? 
  • De onde você tirou o nome Blimundo?
  • Alguma dessas histórias está relacionada à sua vida? Por quê?

Receber a autora e fazer as perguntas diretamente para ela foi um momento de atuação real, que gerou grande expectativa.

Durante a entrevista os alunos se aproximaram do valor semântico das palavras interrogativas (quando, onde, por que, como...), o que tornou a aprendizagem significativa.

Ouvir atentamente o entrevistado para fazer a regulação ao vivo foi outro desafio e neste momento o adulto foi o modelo para frisar as “fórmulas linguísticas” usadas para retomar o que já foi dito pelo entrevistado, como: você disse antes que... como ia dizendo...

 

A oportunidade de conhecer o processo de produção do livro, o tempo de preparo, o lugar realizado, entre outras facetas da autora foi o momento de novas perguntas que brotaram ao longo do encontro.

A sessão de autógrafos, que tende a ser muito calorosa, não pôde faltar. Susana autografou o livro destacando o conto que cada aluno mais apreciou com muito carinho e generosidade.

 

Passar por todo esse processo desde a leitura do livro, o preparo das ilustrações, o planejamento das perguntas até a entrevista foi uma experiência muito significativa para o grupo. 

O mais importante é que progressivamente todos adquiriram segurança na atuação, conseguiram manter a interação entre os assuntos durante a entrevista e tiveram uma grande oportunidade de trabalhar situações desafiadoras.

Encerramos o encontro com os alunos presenteando a autora com uma “pretensiosa” sugestão de ilustrações para o livro e uma boneca africana Abayomi (amuleto de proteção) produzida por eles.


Obrigada, Susana Ventura!!! Foi um privilégio ouvir o seu percurso de escritora aqui no colégio!

Conheça outros livros da autora:


quarta-feira, 20 de abril de 2016

As aulas de Robótica

Por  Vicente Romeu Cianciarulo Longo 

Robôs podem ser máquinas cibernéticas, na forma humanoide, mas também máquinas locomotivas, tratores, carros automatizados, ou máquinas simples, como elevadores, batedeiras, cafeteiras, e tudo que seja controlado via programas de computador, microchips, ou mecanicamente, por meio de botões e sensores de temperatura, de presença, de calor IV-Infravermelho, de toque, de som, etc.

São máquinas projetadas para ajudar a humanidade a realizar tarefas, poupando energia físicaEntre elas, o subir nas escadas pode ser facilitado por um elevador, útil para idosos e pessoas que não possam se locomover direito.
Em contrapartida, esteiras eletrônicas e bicicletas ergométricas ajudam as pessoas a se exercitar, tanto em academias esportivas quanto em dias de chuva, que possam impedir você de sair para fazer seus exercícios no parque. São robôs.

Um carro facilita demais para quem precisa fazer uma viagem de São Paulo ao Rio de Janeiro; você já imaginou ir a pé? São quase 500 km. Pois é, um carro é um robô. Um trailer, ou casa que anda, também. 
Um avião, uma porta do shopping-center que se abre quando você se aproxima, pois ela tem um sensor de presença que percebe a sua aproximação.

Assim, tudo o que servir para ajudar você a viver mais confortavelmente é um robô, e a ciência que estuda como planejar e projetar estes robôs se chama Robótica.

1. Nas nossas aulas de Robótica do Fundamental I, realizamos construções ou montagens mecânicas simples, sem o uso de computador.
Robôs ou máquinas que possam se mover, com rodinhas feitas de tampas de garrafas PET, ou possam se mexer, com o uso de braços ou alavancas construídas também de garrafas PET, de iogurtes, de tubos de PVC, tubos de papelão de papel laminado, etc.
O objetivo destas aulas é proporcionar o primeiro contato com a arte e a mecânica envolvidas nestes projetos, entender para que servem as engrenagens, polias, alavancas, como se fixam peças com cola quente, etc.


2. Para os alunos do Fundamental II e Médio, as aulas se iniciam nos dois primeiros meses com instruções de programação, usando o software SCRATCH, plataforma de livre acesso, que tem como um dos principais objetivos fazer um personagem ou objeto 2D se locomover na tela do programa, assim como executar funções determinadas pelo usuário, como se locomover ao apertar a tecla de espaço, emitir som quando parar, dar a volta na tela em forma circular ou poligonal, tudo programado pelo aluno, via instruções em ícones dispostos sucessivamente. 

Portanto, nada de decorar funções descritivas de programação, mas usar a memorização por meio de figuras associadas às funções, e aprender o fundamental neste procedimento, que é a lógica de programação.

O efeito final é como um Desenho Animado, que pode durar 1 minuto, ou mesmo infinitamente, a critério do programador.

Nos meses sequenciais, inicia-se a programação na Plataforma ARDUINO-UNO, também de livre acesso ao programa ou software. Apenas o kit de peças, conhecido como hardware placa Arduíno modelo Uno é que deve ser adquirido pelo aluno.

Nesta parte do curso são dadas noções introdutórias e intermediárias de programação Arduino, sempre com o uso do computador da escola, do kit do aluno com a placa Arduino UNO e com o acompanhamento de uma apostila digital que resume as diversas programações, modelo e detalhes (o que são e para que servem) dos dispositivos eletrônicos usados no curso.

Neste nível intermediário se aplicam toda a programação ou os códigos aprendidos no uso da Placa Arduíno, conectada via cabo USB ao computador.

PROGRAMAÇÃO - INICIANDO COM O SOFTWARE  SCRATCH


PROGRAMAÇÃO COM A PLATAFORMA ARDUINO-UNO


Portanto, nas aulas de robótica serão estimuladas as habilidades de:

- observação, comparação e análise de possibilidades diversas, argumentação, criatividade, inovação, espírito de equipe, paciência e domínio temporal, facilidade de comunicação, inclusive na linguagem técnico-científica, solucionar problemas, capacidade de planejamento, organização, tomada de decisões, e a desenvoltura para trabalhos manuais em montagens mecânicas de maquetes e em montagens diminutas nas placas de circuitos eletrônicos (motherboard).

Nas aulas utilizamos a pedagogia construtivista, estimulando a autonomia, onde o aluno participa em cada momento da aula, vivenciando o seu aprendizado através do aprender-fazendo.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

A leitura está para a mente como a natação para o corpo. A orientação para a leitura de obras literárias no Ensino Médio.

Por Paulo Ribeiro

Dizem-se clássicos aqueles livros que constituem uma 
riqueza para quem os tenha lido e amado; mas constituem
 uma riqueza não menor para quem se reserva a sorte de lê-los
 pela primeira vez nas melhores condições para apreciá-los.

Ítalo Calvino. Por que ler os clássicos.

Eu acredito que ler está para o exercício da linguagem como a natação para o exercício físico: é um exercício completo: todos os “músculos neuronais” se contraem e se expandem e se tornam mais fortes e mais resistentes à medida que a prática pode, de fato, receber esse nome; é um exercício orgânico, que desenvolve harmonicamente o todo; é um exercício de alteridade – afinal lê bem quem consegue seguir o raciocínio da autora e se deixa guiar por aquele particular modo de ver o mundo – e de desenvolvimento de personalidade – já que há que reformular e ressignificar o que se lê a partir das próprias experiências; existe algo de inato e instintivo no ler como no nadar, mas em ambos é preciso perder o medo de mergulhar de cabeça e lidar com a água entrando pelo nariz.

É por acreditar nisso que a leitura integral de obras relevantes deve acontecer e acontece. Aqui no Ensino Médio do Hugo essa prática é tão valorizada que lhe reservamos uma aula da semana: para compartilhar impressões ao longo do processo de leitura; para orientar as pessoas estudantes e ajudá-las a trazer à consciência esses processos instintivos que ocorrem enquanto se lê; para contextualizar a leitura e garantir um espaço de reflexão sobre o que foi lido: em suma, para proporcionar as tais melhores condições de que fala Ítalo Calvino, de modo a enriquecer quem se inicia nesse tipo de experiência. 

Agora que esse valor fundamental da leitura está dado, resta ainda pensar o que estabelece a relevância de uma obra a ponto de fazê-la obrigatória. Nesse sentido, indiscutivelmente, e por razões mais que óbvias, o fator vestibular é determinante e de ordem prática: ler as obras que compõem as listas dos principais vestibulares é condição sine qua non para quem quer, de fato, ir bem em tais exames. E é assim que se estabelece a maior parte do que consta em nossa lista: está na nossa porque está na deles. Claro, há muito que se discutir nesse processo impositivo, que ocorre de cima para baixo – e no próprio sistema de ingresso no ensino superior –, mas hoje vamos tentar nos ater a simplesmente analisar algumas dessas escolhas que fizeram por nós e algumas que fizemos nós mesmos com o objetivo de entender a razão de sua escolha.

Nesse sentido, as listas atuais da Fuvest e da Unicamp (confira-as completas aqui) se revelam bem interessantes. Divulgadas em março desse ano, trazem bastante mais do mesmo, mas trazem também novidadíssimas muito bem-vindas. De verdade.

Nesse mais do mesmo repousa muita controvérsia. A maioria dessas obras é do século XIX, tem uma linguagem mais rebuscada e conduz a narrativa com uma lentidão que não é própria do nosso tempo. Livros como os de José de Alencar (Til na Unicamp e Iracema na Fuvest), de Manuel A. de Almeida (Memórias de um sargento de milícias), de Aluísio Azevedo (O cortiço) e mesmo de Machado de Assis (Memórias póstumas de Brás Cubas) são muito criticados: estudantes, responsáveis e mesmo docentes criticam tanto a dita incongruência da escolha quanto a obra em si, que faz a escolha incongruente. Essas obras, entretanto, se justificam enquanto clássicos: são obras que ajudaram a estabelecer ou revelaram e resumem um projeto de Brasil que segue desde a colonização. São livros que revelam nossa história e nossa cultura. Há quem diga que estes textos estão além das capacidades de estudantes de Ensino Médio e que são, de certa forma, um desserviço ao gosto de ler. Esta é, entretanto, para a maioria das pessoas, a única chance de lê-los na vida: só para quem se apaixona ou procura profissionalizar-se na área essa literatura deixa de ser algo de que se ouviu falar na escola.


Das novidades, a inclusão de autores africanos de língua portuguesa é a mais excitante delas: Mayombe, do angolano Pepetela (na lista da Fuvest) e Terra sonâmbula, do moçambicano Mia Couto (na lista da Unicamp) são obras atuais e que falam de realidades estranhas a nós, embora sejam a realidade de países irmãos, que sofreram processos históricos semelhantes ao nosso em alguma medida e com os quais dividimos a mesma herança linguística. Escolha em prol do reconhecimento da diversidade. Maravilha.


Há também obras que resgatam artistas menos (ou nada) clássicos, mas que merecem atenção: Lisbela e o prisioneiro, de Osman Lins, e Minha vida de menina, de Helena Morley são obras que até pouco tempo estavam fora de catálogo nas editoras. O primeiro é conhecido do público pela adaptação ao cinema de Guel Arraes e, além de único livro do gênero dramático, explora uma série de temas: o cinema, o amor, o coronelismo e a malandragem, a vida de interior e a vida mambembe. O segundo nasceu do diário que a autora escreveu na sua adolescência, nos idos de 1893, 1894: um período vital da história de um ponto de vista singular.


Da lista há muitos outros livros de que falar. Os de poemas (Claro enigma, do Drummond, Poemas negros , do Jorge de Lima, Sonetos, do Camões), os contos quase-poemas como os de Sagarana.


Dos livros que acrescentamos à lista, vale destacar: Cidade de Deus, de Paulo Lins, que se conecta, com um toque de contemporaneidade e de lirismo, àqueles livros que expõem o Brasil e sua realidade; O mundo de Sofia, que é uma introdução simples mas bastante correta da história da filosofia ocidental e, por isso, funciona, não só como mais uma história, mas também como livro de referência; e Ligue os pontos: poemas de amor e big bang, que traz uma poesia moderna, sintética, muito bem trabalhada esteticamente e com um fino senso crítico e de humor. 

Todas essas obras têm valor indiscutível. Todas elas merecem leitura. Cabe a nós ajudar a propiciar as melhores condições para que sejam apreciadas. E estamos trabalhando nesse sentido. 

Para saber mais:

quarta-feira, 6 de abril de 2016

A Importância do Silêncio

Por: Claudia Cosceli e Pedro Mancini

Com a constante e frequente agitação do mundo moderno, estamos cada vez mais obrigados a fruir o tempo de maneira rápida e descontrolada. Cada mês, cada dia e cada segundo ficam mais curtos em nossa percepção, cada vez mais estimulada pelas tecnologias atuais.

As chances de parada e de aquietação são cada dia mais raras e nos vemos obrigados a entrar nesse turbilhão. Desacostumados a lidar com momentos de reflexão descolados das exigências eufóricas do dia a dia, nos incomodamos com a suposta paz do silêncio e da imobilidade. Desacostumamo-nos da tranquilidade. 

Uma maneira muito eficaz para amenizar a aceleração que nos é imposta é reconstruirmos uma boa relação com o silêncio mediante algum treinamento, permitindo-nos uma conexão com nosso interior – tão negligenciado por uma rotina de tarefas sonoramente atropelantes. O silêncio nos permite vasculhar percepções aguçadas das nossas emoções, sensações corporais e fluxo de pensamentos, permitindo acalmar o turbilhão de pensamentos que constante e desorganizadamente invade nossa mente.

Temos que proporcionar ambientes propícios para que o silêncio possa se manifestar dentro de nós, com pequenas atitudes dentro de casa, como desligar a televisão, o rádio e falar baixo.


As crianças acabam vivendo no meio dessa aceleração e a cada dia são mais e mais estimuladas a viver nesse tempo frenético e barulhento, que também as torna agitadas e dispersas. O problema se acentua no Ensino Médio, onde muitos jovens, já tendo desenvolvido grande ansiedade na infância, ainda lidam com inúmeras pressões: puberdade, vida social, desempenho escolar satisfatório, necessidade crescente por autonomia e um horizonte universitário e profissional em aberto atuam como fantasmas que, ao assustar nosso inconsciente, põem em desespero os pensamentos joviais, acarretando uma onda de emoções afloradas que os afastam mais ainda do silêncio e de uma tão procurada “paz interior”.

 

No Hugo Sarmento, buscamos fornecer chances de os alunos experimentarem suas sensações e vivenciarem o silêncio da autoconsciência nas aulas complementares de Yoga e, sempre que possível, mediante técnicas de Yoga e de meditação em sala de aula. Com atividades que proporcionam a percepção dos benefícios dessas maravilhosas técnicas, os alunos podem ouvir sua respiração dentro do corpo ou, ainda, as batidas de seu coração, proporcionando uma profunda percepção de seu corpo e uma forte concentração mental. 


Também desenvolvemos exercícios lúdicos com os olhos fechados e em silêncio, movimentando o corpo  guiados por outro aluno, utilizando apenas a comunicação do tato. Desse modo, percebem que podem movimentar o corpo mesmo no silêncio – e, que tal atividade, além de relaxante, pode ser muito divertida e prazerosa.


No caso do Ensino Médio, a ênfase está em garantir momentos de silêncio e paz mental pelo exercício da meditação conhecida como “Anapana”, focada na plena atenção à respiração: como o ar entra e sai pelas narinas, qual o ritmo da respiração no momento da meditação, e nada mais. Com isso, a atenção é temporariamente desviada da “tempestade mental” que os atormenta para direcionar-se à própria verdade de seus corpos, contribuindo para o desenvolvimento do autoconhecimento. Essas aulas de meditação guiadas ocorrem nos horários referentes às aulas de tutoria do Ensino Médio. 


Portanto, colabore com a paz mental que valorizamos por aqui: estimule o silêncio em você, no seu lar e no mundo. 

Bom silêncio a todos!!!!