quarta-feira, 9 de maio de 2018

A relação da Geografia com o projeto e o Estudo de Campo na escola

Por Judith Nuria Maida 


“A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, e sim, em ter novos olhos.”
Marcel Proust

Este ano, o tema do projeto na escola é “Problemas Ambientais Globais”.  

É o trabalho através do projeto que nos permite articular os conhecimentos específicos dos componentes curriculares em torno de um eixo norteador comum e, portanto, funciona como referência para a integração dos saberes, o que proporciona a “costura” das diversas áreas. 

No caso específico da Geografia, o tema “Problemas Ambientais Globais” contempla um objetivo maior, que é compreender a formação e processos transformadores da paisagem e do espaço geográfico como consequências da ação antrópica sobre o planeta. Nesse sentido, a questão ambiental está diretamente relacionada aos conteúdos que trabalhamos em nossas aulas, uma vez que diz respeito ao modo pelo qual a humanidade busca produzir bens para melhorar suas condições de vida, o que provoca grandes alterações nos sistemas naturais  principalmente solo, relevo, clima, hidrografia e vegetação  que são conteúdos amplamente trabalhados desde o 6º ano, em nossa escola.

O debate sobre o meio ambiente está, cada vez mais, presente na pauta da agenda mundial. Para o enfrentamento dos problemas ambientais  poluição do ar e das águas, contaminação dos solos, erosão, desmatamentos, produção de lixo, efeito estufa, entre outros  e suas consequências, é necessária uma visão ampla da realidade que envolve vincular três esferas do desenvolvimento sustentável: desenvolvimento humano, crescimento econômico e a preservação ambiental.  

Dessa forma, trata-se de um assunto que requer interface com praticamente todos os campos do conhecimento e, por este motivo, abordar os “Problemas Ambientais Globais” conversa diretamente com a concepção metodológica da escola, onde procuramos promover a interdisciplinaridade e a troca de saberes entre educadores e educandos sob uma perspectiva integradora e reflexiva sobre a realidade.

Dentro da pedagogia de projetos, acreditamos que as estratégias de ensino-aprendizagem mais potentes são aquelas em que o aluno se vê implicado naquilo que estuda, como agente transformador, deixando de lado uma posição passiva frente ao conhecimento e tornando-se protagonista. É nessa perspectiva que se insere o estudo de campo que realizaremos nos dias 18, 19 e 20 de maio.  Por meio dessa viagem, os alunos poderão vivenciar e experimentar situações reais que objetivem suas hipóteses sobre diversos fenômenos naturais e sociais.

Portanto, a viagem de estudo de campo é, para nós, um momento muito importante na prática pedagógica, pois representa uma oportunidade para enriquecer o conhecimento e colocar em prática aquilo que é trabalhado diariamente em sala de aula.

Especificamente, o estudo de campo tem como objetivo permitir ao/à estudante a experimentação na produção do conhecimento, o que significa tornar-se mais habituado ao processo de analisar a realidade que o cerca, problematizar suas questões, buscar embasamento para desenvolver seu trabalho, coletar dados para afirmar ou refutar suas hipóteses, bem como a produção e a divulgação do conhecimento científico e suas articulações com a sociedade. Em última análise, importa-nos que o aluno se perceba como um agente crítico perante as questões relacionadas à ciência e ao seu uso e que desenvolva maior autonomia para percorrer seu caminho como estudante.

Para tanto, é necessário instrumentalizar os alunos com procedimentos e métodos nas diversas áreas do conhecimento  daí o seu caráter interdisciplinar  que permitirão a eles estabelecer critérios para tomada de decisões, a fim de desenvolver sua autonomia intelectual. 

Nas aulas de Geografia, esses procedimentos vêm sendo desenvolvidos por meio de leituras complementares, discussões realizadas em aulas, análises de situações-problema, levantamento de dados, leitura e produção de mapas, gráficos e tabelas, dentre outras possibilidades.


A escolha do local para realização do estudo de campo buscou oferecer oportunidades enriquecedoras de vivência daquilo que é discutido em teoria, possibilitando análises o mais próximas possível da realidade, quando muitos dos procedimentos desenvolvidos na problematização, produção e o uso daquilo que estudamos serão desenvolvidos na prática.

Por conta do tema do projeto, o local escolhido para o estudo de campo desse ano, é a região do Lagamar, composta por uma diversidade de ecossistemas litorâneos do Vale do Ribeira: Iguape, Cananeia, Ilha do Cardoso e Ilha Comprida. Consideramos ser de suma importância que os alunos conheçam uma região rica em diversidade de ambientes naturais, onde possam relacionar a dinâmica social, política e econômica com os impactos ambientais que ameaçam esse patrimônio natural.  Dessa forma, o estudo do campo serve de laboratório para o tema central do projeto.


Preservação Ambiental, Biodiversidade, Patrimônio Histórico e Cultural, Unidades de Conservação e comunidades locais são alguns dos assuntos que trataremos na Ilha do Cardoso, através do contato direto com a natureza, população local, participando de manifestações culturais, identificando questões ambientais, entrevistando comunidades locais, discutindo titulação de terras e a importância da preservação dos diversos ambientes litorâneos.

Em Iguape teremos ainda atividades no Morro do Espia, Valo Grande e no centro histórico. Em Cananeia as atividades serão na comunidade Quilombola Mandira, onde mais de 25 famílias trabalham com o manejo de ostra.

Estruturar o estudo de campo dialogando diretamente com o projeto interdisciplinar da escola requer muitos estudos do grupo de professores e uma dinâmica que permita encantar e envolver os alunos para uma reflexão sobre a questão central. 

Acreditamos que esse momento de imersão em realidades distintas, somado aos outros desenvolvidos em ambiente escolar, leve os alunos a refletir com propriedade e responsabilidade sobre as relações do Homem com a Sociedade e do Homem com o meio que o cerca e propor soluções para enfrentar os problemas ambientais globais.

Boa viagem e bons trabalhos!

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