quarta-feira, 16 de maio de 2018

Varal poético

 Por André Judice


Os alunos da 3ª série do Ensino Médio estudaram neste primeiro trimestre o gênero poético nas aulas de Português e, em especial, a obra Claro Enigma (1951), de Carlos Drummond de Andrade. O trabalho de sensibilização, leitura e pesquisa foi árduo, pois se trata de uma das obras de análise mais complexa da lista do vestibular da Fuvest. O livro aborda a fase de uma poesia de cunho mais filosófico, existencial, o amor, a passagem do tempo, a lembrança do passado familiar, Minas Gerais. Vai de Dante Alighieri a Camões e por isso faz uso de forma e dicção clássicas, mas sem deixar de ser moderno. É produto de uma visão de mundo que o afasta das crises políticas pós Segunda Guerra Mundial. E para entender o que o eu lírico de Drummond tentava nos dizer, foi preciso compreender o contexto de época, outros autores, outras formas de expressão artística. 


Em Claro enigma, considerado ao lado de A rosa do povo o ápice da trajetória poética de Drummond de acordo com a crítica literária, estão reunidos alguns dos maiores poemas drummondianos, como a “A máquina do mundo", lírico-amorosa, como "Memória" ou os de temática familiar, como "Ser".

Ao conhecer Claro Enigma e as suas temáticas, às vezes percebia-se que a atmosfera da sala de aula se tornava densa, pois nos exercícios de análise poética era preciso transpor a barreira do vocabulário às constatações dos críticos, exigiam dos alunos muita reflexão. O desanuviar de cada aula se dava na prática. Confesso que me surpreendia a cada voz poética que criavam. Escreveram pensamentos, angústias, alegrias, vontades repentinas. Sabe-se lá de quem eram essas vozes que surgiam em suas obras! O que importa aqui é o reconhecimento por parte deles de um gênero literário e uma atitude do fazer poético. 


O registro e o modo de expor alguns dos poemas que o alunos realizaram foi inspirado nos varais da Literatura de Cordel, nome que tem origem na forma como tradicionalmente os folhetos eram expostos para venda, pendurados em cordas, cordéis ou barbantes em Portugal, e a qual o Nordeste do Brasil herdou.



Desse modo, convidamos os nossos amigos do Colégio Hugo Sarmento a conhecer e a participar desse trabalho. É muito fácil, basta pendurar o seu poema no nosso varal. 

Fontes de pesquisa: 

Camilo, Vagner. Drummond – Da Rosa do Povo à Rosa das Trevas.  São Paulo: Ateliê Editorial, 2005 (1ª edição: 2001). 

CARLOS Drummond de Andrade. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa12894/carlos-drummond-de-andrade>. Acesso em: 12 de Mai. 2018. Verbete da Enciclopédia.

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