quinta-feira, 19 de julho de 2018

Festa Junina na Praça

20180630_152337.jpg         Por João Mendes Jr

A tradição das festas juninas remonta a um passado ligado aos cultos ancestrais das pequenas comunidades agrícolas de muitos povos da antiguidade como na Roma e Egito antigos. Ligada, no hemisfério norte, ao começo do verão e às colheitas, as festas solsticiais foram incorporadas pela tradição cristã nas figuras dos santos e apóstolos, conferindo-lhes atributos e caráter religioso. Daquele tempo para cá as festas tomaram um profundo caráter comunitário, da união de vizinhos para celebrar, dançar e compartilhar boa comida. E, entre nós brasileiros, o destaque é a preservação do folclore em suas várias manifestações: religiosas, musicais, gastronômicas, de vestimentas e de brincadeiras. Nas megacidades como a São Paulo em que vivemos, os encontros comunitários se perderam cedendo aos temores com segurança e ao gigantismo dos eventos, causando transtornos. O individualismo de nossas vidas nos impedem de conhecer nossos vizinhos - a quem tomamos como estranhos - quanto mais de celebrarmos ou nos divertimos com eles. A manutenção da tradição junina, nos grandes centros ficou, assim, restrita às escolas e a pequenos grupos locais. Um importante movimento tem defendido o “desemparedamento” das escolas, ou seja, levar os alunos e alunas para fora de seus muros, vivenciando experiências de aprendizagem mais concretas e de contato com o mundo real que a cerca e a trazer para dentro do espaço escolar o saber e vivências locais. Dentro deste espírito, resolvemos realizar nossa festa deste ano fora do ambiente escolar, em uma praça, junto com a comunidade das vilas Beatriz, Ida e Jataí com a qual temos partilhado diversas ações de conscientização, melhorias nos nossos bairros e compartilhamento de sonhos de uma sociedade melhor.

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O mote da festa Lixo Zero e a busca da criação de um Ecobairro encampada pelos bairros veio, de maneira feliz, ao encontro de nosso projeto pedagógico deste ano, ampliando as possibilidades de interação e concretização da proposta.
As tradicionais brincadeiras como pesca, bola ao alvo, argolas e canaletas adaptadas ao tema da preservação do meio ambiente e tendo como suporte a nossa já tradicional troca de brinquedos, o compartilhamento de doces e salgados na mesa comunitária, passando pela experiência de poder conhecer o uso das PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) e do aproveitamento de produtos da “xepa” da feira em salgados e tortas, tudo foi pensado para o combate ao consumismo e ao desperdício.
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Levar alunos e alunas para apresentarem suas danças fora do espaço conhecido da escola, enfrentando um público maior e desconhecido foi, ainda, uma experiência para o desenvolvimento de novas habilidades. Para os mais velhos a extensão da festa até o período noturno, com música ao vivo de grande qualidade, foi um diferencial.
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A realização neste formato de festa exigiu trabalho e adaptações para que atingisse, como acreditamos que atingimos, o sucesso e a integração ao projeto pedagógico, em uma dia especialmente alegre. A questão levantada por alguns pais em relação à segurança e estrutura do evento foi superada pelo caráter estritamente familiar e comunitário da festa que não é divulgada abertamente em redes sociais, sendo voltada para a vizinhança.
Os alunos e alunas da 3ª série do Ensino Médio tiveram um aprendizado extra ao cuidar de uma barraca de doces típicos dentro festa. Além de trabalhar no preparo e durante o dia todo no dia do evento, tiveram muitas discussões em grupo para conseguir chegar a consensos nem sempre fáceis para adolescentes. O lucro obtido será revertido para a formatura.
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A comunidade em torno da escola, responsável pela organização geral da festa, ficou bem satisfeita com a aproximação da escola aos grupos de trabalho e tem como expectativa como fruto desta, um maior envolvimento das famílias nas ações, reuniões e demandas dos bairros. Esperamos que esta ação seja inspiradora de um movimento maior, dentro da casa de cada família, de redução do desperdício e do lixo, de conscientização ambiental, de integração comunitária e de vizinhança solidária para que todo este aprendizado seja realmente significativo. Gostaríamos de saber, também, a sua opinião sobre a festa, pedindo que respondam ao formulário que segue:

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