quarta-feira, 23 de março de 2016

Quem quer brincar?

Por Vivian Gouvea 

Ao longo da Educação Infantil, depois de trilhar um percurso, as crianças passam a diferenciar o mundo real do mundo imaginário. O importante é que estão sempre aprendendo a atribuir significado para as coisas, entendendo as relações estabelecidas pelo contexto social do qual fazem parte, o que possibilitará a diferenciação do real e do imaginário, demonstrando que estão crescendo. 

Por meio das brincadeiras, são criadas para as crianças situações de resolução de problemas, como dividir materiais e trocar papéis. Enquanto brincam, elas devem ter certa autonomia para escolher seus parceiros e os papéis que irão assumir em determinado tema. Esses problemas possibilitados pelo ato de brincar são fundamentais na aprendizagem, já que se cria um espaço em que as crianças podem experimentar diferentes ações do mundo “real” e internalizar ideias sobre as pessoas, os sentimentos e os diversos conhecimentos. 

O autor Rubem Alves descreve bem essas situações, experimentações e sensações vividas pelas crianças durante as descobertas do brincar no livro QUANDO EU ERA MENINO: “A imaginação gosta de brincar. A brincadeira de que ela mais gosta é o faz-de-conta. É brincando de faz-de-conta que ela constrói brinquedos. Faz de conta que uma lata de sardinha é um carrinho. Faz de conta que um cachorrinho de pelúcia é um cachorrinho de verdade. Faz de conta que um travesseiro macio é uma pessoa de quem a gente gosta muito. Faz de conta que esses bolinhos de barro são brigadeiros. Faz de conta...”.

A criatividade está sempre presente nestes momentos, pois, para a criança, basta olhar algum objeto sem vida e, em questão de segundos, ele se transforma em algo fenomenal e incrível!

De acordo com o Referencial Curricular Nacional, o professor é o responsável por apresentar brincadeiras às crianças, oferecendo diversos materiais, como fantasias, brinquedos, jogos, a organização do espaço e o tempo para brincar. 


E é isso que os alunos do Grupo 4 estão vivenciando no projeto “Brinquedos e brincadeiras”. 

Toda semana eles aprendem uma brincadeira nova, estão construindo brinquedos com sucata e ampliando o repertório sobre a história dos brinquedos, descobrindo e comparando os mais diversos materiais.

“A brincadeira é o resultado de relações inter-individuais, portanto, de cultura. A brincadeira pressupõe uma aprendizagem social. Aprende-se a brincar.” Gisela Wajskop – Educadora.

 

                                                                                    
As obras de Portinari que retratam as brincadeiras serviram de inspiração para as conversas sobre como as crianças de outros tempos e lugares brincavam.
As crianças pequenas, ainda muito egocentradas, mantém uma ideia imediatista e pronta, ou seja, de que os adultos foram sempre adultos e que os idosos foram sempre idosos. 

Por este motivo, as visitas dos avós foram tão importantes. Puderam iniciar a reflexão sobre essa passagem do tempo e suas transformações. Ter contato com os relatos de infância de seus avós é possibilitar que descubram semelhanças e diferenças entre as brincadeiras, brinquedos e costumes contemporâneos e antigos. Os relatos regados a boas lembranças encantaram a turma que se interessou bastante pelas histórias, desde o local onde moravam, com estradas de terra e brincadeiras na rua, até os brinquedos que eram confeccionados por quem queria brincar.

 
 

Após os relatos, pudemos vivenciar todas as brincadeiras: amarelinha, passa-anel, cantigas de roda... 
Vamos sempre relembrar estes bons momentos que passamos com essas pessoas tão queridas! As brincadeiras tradicionais ganharam um encanto especial, pois foram apresentadas e relatadas por pessoas especiais.  

Enfim... brincar é algo fundamental quando falamos em crianças pequenas, em educação infantil, e isso o Grupo 4 tem feito bastante.

Quem quer brincar?

quarta-feira, 9 de março de 2016

Homenagem aos professores nos 50 anos da escola

No dia 1º de março, comemoramos oficialmente os 50 anos de fundação da escola. Nesta cerimônia, homenageamos os funcionários mais antigos e cada um falou sobre o significado da escola em suas vidas. 

Publicamos aqui os depoimentos emocionados das professoras Tania Vasone, de Artes, e Lia Granado, do 5º ano.

  

Professora Tania:


Para mim, estar aqui nesta comemoração dos 50 anos da escola é muito emocionante.

Pensando nisto, me vem à memória a primeira lembrança de quando aqui cheguei para a entrevista, há 23 anos. A arquitetura da escola foi a primeira coisa que admirei. Moderna, arejada, arrojada, as amplas salas e, vindo delas, o som das crianças! Havia um misto de música e risos no ar. Um novo olhar e as paredes cheias de trabalhos, de cores, de arte.

Encantada com tudo, comecei a trabalhar com total liberdade, muitos materiais, alunos encantadores, colegas criativos, diretora maravilhosa.

Patrícia, fonte de inspiração por sua genialidade, sua maneira de enxergar o mundo, sua natureza inquieta sempre a criar, inventar e refletir, a impulsionar a minha capacidade de evoluir, de me aprimorar.

Um ano depois, minhas filhas ainda pequenas vieram para esta escola, que escolhi por ser a escola dos meus sonhos.

Aqui encontrei um espaço para crescer, aprender. Aqui fiz grandes amigos. Apaixonei-me pelos alunos, suas famílias, nossas vidas se misturaram no cotidiano do fazer da arte, na liberdade do afeto, do carinho e do saber.

Este espaço se transformou em minha casa, todas estas pessoas em parte de minha historia, minha grande família, minha maneira de viver.

Hoje, depois de tantos anos, ainda sinto a mesma alegria ao acordar e vir trabalhar. Encontro ainda estas outras pessoas maravilhosas, que também são fonte de inspiração por sua genialidade, este sentimento de liberdade, esta alegria de compartilhar, de criar, de ser incentivada e querida.

Parabéns ao Colégio Hugo Sarmento e às pessoas sensíveis e incríveis que aqui estão a nos guiar, nesta grande aventura que é educar vocês, meus queridos alunos!!!!

Professora Lia :


Há 20 anos pude participar do aniversário de 30 anos desta escola! Lembro que a escola estava lançando o livro A Hora do Lanche! Na época eu achei que era bastante tempo para uma escola; o que não imaginava era que eu iria comemorar tantos outros aniversários junto com vocês! 

Lembro quando comecei a dar aula no Bola de Neve, não sabia nada de Educação! Sabia de computadores, mas de Educação, quase nada. Aprendi muito aqui...  Sobre como ensinar, o que ensinar, sobre Artes, Matemática, sobre o mundo e tantas outras coisas que iria precisar de mais um dia de festa para terminar esta lista. Mas, de tudo, de tudo mesmo acho que o mais importante foi o que aprendi como ser humano... A ouvir, a perceber que todos temos tempos diferentes e que precisamos ser muito sensíveis para realmente tocar o outro. 

Outro dia estava conversando com meus amigos e eles disseram que achavam que eu era uma das únicas pessoas que eles conheciam que realmente era feliz no trabalho. Achei aquilo muito estranho, porque nunca consegui separar o meu trabalho de felicidade. Talvez porque tenha tido muita sorte de ter encontrado esta escola! De ter encontrado a Tica, que sempre me incentivou a ser uma pessoa melhor! De trabalhar com pessoas muito bacanas e que, assim como eu, são felizes aqui! De ter alunos que compartilham comigo tanta coisa boa, todas as tardes!

O que eu não imaginava há 20 anos, neste mesmo dia, é que eu estaria aqui comemorando os 50 anos de um dos maiores presentes que eu ganhei na minha vida: esta escola. Sim, meus amigos têm razão! Sou realmente muito feliz!

quarta-feira, 2 de março de 2016

Marco,Flávia e Alessandra - Ex-alunos que retornam como parte da Equipe

Eles viveram a escola como alunos e trazem suas memórias como estudantes. Agora eles têm a oportunidade de vivenciar a escola de um outro ponto de vista: como educadores. 

Marco Milito  – O Hugo faz parte da minha vida. Esta é uma história que começou há um longo tempo, mais precisamente no Fundamental I, onde comecei a aprender coisas que eu nem poderia imaginar que levaria para a minha vida.

Ser estudante não é uma tarefa fácil; às vezes gostaríamos que as coisas fossem diferentes, do nosso jeito, e até mais fáceis. Por vezes saíamos do colégio cansados, preocupados com as tarefas a serem realizadas dentro e fora da escola, porém, é apenas quando as portas do mundo se abrem que começamos a ver o quanto tudo aquilo que vivenciamos neste lugar, por tantos anos, valeu a pena. Vemos que o colégio em si não nos ensina apenas as matérias que já estão agendadas no cronograma, mas, também, ensina o valor da amizade, do esforço, do trabalho duro. Ele nos prepara para a vida e ensina a encarar outros desafios que antes pareciam inimagináveis.

O Hugo é um colégio que sempre esteve presente na minha vida! Aqui conheci pessoas incríveis, tive ótimos professores, que hoje posso chamar de colegas de trabalho, e me sinto muito feliz por poder atuar ao lado de profissionais de um nível tão alto. É uma honra poder auxiliar quem me auxiliou tanto no passado, e continua me ajudando. A cada dia é um aprendizado e no colégio aprendi que estamos aqui nos preparando para a vida.

Poucas pessoas podem ter a oportunidade que eu tive, de voltar aonde comecei, e poder conhecer o outro lado da cortina, e o melhor, poder ajudar na formação de futuros profissionais que um dia poderão, também, estar onde estou. Saibam que todo o esforço é válido e que apesar de os professores, o colégio, parecerem muito exigentes algumas vezes, tudo é feito com cuidado para que, no futuro, vocês saibam tomar decisões e consigam entrar neste mundo de braços abertos.

O Hugo me preparou e continua me preparando e, se eu posso resumir tudo o que passei aqui dentro em uma palavra, ela é “gratidão”. Sou grato por todas as oportunidades, todo o conhecimento e até mesmo as broncas que me foram dadas. Parabéns, Hugo, sempre formando pessoas além de profissionais.


Flávia Paoletti – A escola é o segundo ambiente mais importante na vida social de um ser humano. Nela, vivemos situações boas e ruins, conhecemos pessoas novas, conquistamos boas amizades, socializamos pensamentos e ideias que nos fazem crescer e guardamos todas essas experiências em nossa memória. 
Fui estudante do Hugo Sarmento na década de 90. Fiz apenas dois anos iniciais do Ensino Fundamental I e mesmo tendo estudado por pouco tempo, tenho ótimas lembranças do colégio. 
Lembro-me, com muita saudade, daquela época, das brincadeiras na quadra e no morro, de todos os espaços da escola, das atividades, dos amigos que conquistei, dos professores e funcionários, que sempre me trataram com muito carinho. 
Voltar ao Hugo, desta vez como professora, me fez relembrar cada momento vivido aqui. Hoje, tento passar para meus alunos todo o amor e carinho que recebi quando eu era estudante. E presenciar cada momento, participando do crescimento social deles é muito gratificante.
Sinto-me muito orgulhosa de ser ex-aluna e hoje fazer parte dessa equipe, e poder estar presente nessa linda comemoração dos 50 anos do colégio. 
Obrigada, Colégio Hugo Sarmento, por fazer parte da minha vida e me deixar fazer parte da sua história.


Alessandra de Camargo Moreno - O percurso do Colégio Hugo Sarmento nesses 50 anos se mistura com a história da minha família. Minha mãe conta que logo no seu primeiro contato sentiu-se "em casa" pelo acolhimento que recebeu. 
Nossas memórias desse tempo são deliciosas, dentre elas as tardes em que fiquei ajudando a organizar as exposições, meus amigos queridos, professores e as apresentações de dança na Festa Junina. Bons tempos... 
A escola me deixou marcas significativas. Dessa forma, ao escrever meu trabalho de conclusão de curso em Pedagogia, agradeci ao professor Angelo (que foi professor de artes) o olhar sensível que guardo como um valioso tesouro. 
Quando me tornei mãe pela primeira vez, coloquei meu filho Diego para estudar no Hugo e hoje ele tem 25 anos e é formado em eventos na Austrália. Fiz o mesmo com minha filha Julia que atualmente é aluna da escola. Minha irmã também fez questão de prestigiar e minha sobrinha Luisa, que hoje faz arquitetura, foi também aluna do Bola de Neve. 
Por isso hoje, quando estou dando aula no curso complementar de Arte e Cultura, é como se o tempo voltasse um pouquinho e eu pudesse me ver nas conversas dos alunos.
Quanta gratidão temos, eu e minha família, pelo carinho e ensinamento oferecido a nós pelos funcionários e gestores do Colégio Hugo Sarmento.
Parabéns!!!


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O primeiro aluno

João Mendes de Almeida Jr 
Diretor Administrativo do Colégio Hugo Sarmento


É bom e ao mesmo tempo é estranho saber que esta escola tenha sido criada para mim ou por minha causa, e que eu continue aqui após 50 anos.

Esta foi uma fala familiar, que minha mãe gostava de repetir carinhosamente. Mas, sei que não foi só por mim que minha mãe fundaria a escola. Foi muito por seu espírito inquieto e inovador e sua enorme vontade de mergulhar nesse universo da educação, tradição de família como vocês leram no primeiro post do blog deste ano.

A verdade é que eu fui o primeiro aluno, na primeira classe formada. Depois, com a entrada de novos alunos, uma turma de mais velhos foi criada e acabei completando o fundamental, a oitava série, na segunda turma a se formar aqui em 1976. Naqueles tempos, não tínhamos o “segundo grau” ou ensino médio.


A experiência de ter vivido aqui como aluno em uma época de efervescência e grandes ideais e desejo de mudança na sociedade e na educação, como foram os anos 60 e 70, foi marcante para mim e meus colegas. O ideal desta escola e este olhar constante para o futuro nascia ali.

A criatividade já estava no centro de todo o processo da escola. A equipe de professores e coordenadores buscava incessantemente estimular em cada um de nós este lado criativo e crítico que hoje vem sendo reconhecido como tão fundamental.

Não tínhamos, é claro, uma noção tão evidente disto como alunos, mas o espírito da escola e a aposta dos pais daquele tempo na proposta fazia do Hugo uma escola diferenciada. E de certa forma nós percebíamos isto quando tínhamos contato com garotos de outras escolas, a maioria “careta” e baseadas em “decoreba”.

Quase todos da minha turma ficaram juntos desde a educação infantil até o fim do fundamental e pudemos compartilhar estes anos iniciais do colégio. Tínhamos uma relação de afeto com nossos professores e professoras, éramos próximos, não tínhamos medo deles – pelo menos não da maioria.

O enorme conteúdo que enfrentávamos – e que enfrentam os alunos de hoje em dia – não nos parecia um fardo. É óbvio que havia dificuldades específicas e implicâncias com algumas matérias, mas, ainda assim, conseguíamos levar a escola de maneira mais leve e comprometida. 

Já naquele tempo a arte, o teatro, o estímulo à leitura, a “matemática moderna”, muitas redações, resolução de problemas, saídas pedagógicas e a exposição de trabalhos nos envolviam e estimulavam de verdade. 

Ao sair do Hugo para fazer o “colegial” em outra escola e durante os anos da faculdade é que pude perceber o peso da formação que tive aqui e de como isto diferencia os alunos que passam pelo Hugo.

Por circunstâncias diversas, há trinta anos entrei na escola para trabalhar e hoje, como diretor, atuo para que grande parte deste espírito inicial continue  vivo. 


O colégio não é exatamente o mesmo e nem poderia ser – são outros tempos. 
Nas palavras dos alunos que acabaram de se formar no Ensino Médio está a prova de que esta visão inovadora ainda está presente como um grande valor para todos nós e de que o laço tão estreito que nos mantém unidos –  alunos, escola e famílias – continua firme na família Hugo Sarmento.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Um olhar de quem está chegando


Vicente Romeu Cianciarulo Longo
Físico e Matemático - PUC-SP
Pós-graduado em Física Nuclear - IPEN / USP
Mestre em Eng. Biomédica - UNIVAP-SJC
Professor de Física e Robótica no Colégio Hugo Sarmento

Ao ser chamado para a entrevista com a diretora, logo de cara fiquei muito emocionado, pois sabia, há longos tempos, da fama e importância do Colégio Hugo Sarmento na comunidade educacional e social. Através da mídia, dos comentários da família de minha esposa, que é vizinha no bairro, logo vi que estaria entre os educadores mais qualificados para colaborar com meu trabalho de professor.

Nas semanas de planejamento, fui sendo apresentado à história desta Instituição que completa agora 50 anos. Ao conhecer pessoalmente os futuros colegas professores e funcionários da escola, percebi que há uma união muito grande entre todos, uma cumplicidade extrema na preocupação em educar e transmitir tudo o que sabemos em termos de conteúdo e na forma de viver, nas relações humanas, aos nossos alunos, das crianças aos jovens formandos.

Mesmo assim, ainda fiquei ansioso, não só por conhecer e conviver com os novos colegas, mas para saber como seriam os meus novos alunos, sua forma de pensar a vida, sua bagagem disciplinar em Física, Matemática, Robótica, Artes... Sim, pois Exatas se casam profundamente com Artes Plásticas e Cênicas... 

Ao se iniciarem as aulas, logo vi: a garotada é muito 10! Educada, participativa, amiga, colega, paciente, pois sabem dividir muito bem seu tempo como hora de prestar atenção na aula e hora de dar retorno para a aula, com perguntas, debates, dúvidas além das aulas, retorno de conhecimentos muito além do esperado, pois, rapidamente trocam informações em casa, ou no intervalo do lanche, via internet, via apostila do curso (UNO), via livros na Biblioteca, via YouTube, Google, etc.

E aí eles retornam com tudo, a 100 por hora, animados, positivos, livres e soltos nas argumentações! Amistosos, sabem aprender e aprendem a ensinar, pois trocam ideias entre si e comigo como se fôssemos colegas de mestrado! Dúvidas deles, dúvidas minhas, vamos aprender juntos?

Estou animado, esperançoso, energizado, com vontade de trabalhar, e chego a entender melhor aquela conhecida frase daqueles que deram certo na vida profissional:
“Sinto aqui no Hugo uma extensão de minha casa, de meu lazer... onde por horas a fio estudo, brinco, aprendo e ensino como se estivesse não a cumprir um fardo, mas a me divertir, sem me preocupar com o tempo e o espaço... relatividade de Einstein é isso... 

Por vezes, neste primeiro mês de trabalho, ultrapassei meu horário da aula, pois queria ficar mais tempo em cada turma... Aí, eles me falam educadamente e baixinho, após 5 minutos: "Professor, o tempo de sua aula já acabou, mas pode terminar o que está ensinando, tá legal!"

Espero que assim continue: uma paixão que se perpetue, amor infinito! Obrigado.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Olhar para trás para seguir em frente

 Theodora M. Mendes de Almeida - Diretora Pedagógica


Para começar a preparar o ano de comemorações – 50 anos - mergulhei primeiro nos registros fotográficos. E isto significa mergulhar de novo na história da minha família, na história das nossas escolas, nas histórias de tantas pessoas. As fotos têm a qualidade de contar estas histórias, são como narrativas do que foi vivido.

Como trazer novamente a história do começo de tudo para os professores novos sem ser repetitiva para as pessoas que já acompanham esta trajetória há tantos anos?

Foi mesmo a partir de um painel de fotos da família que procurei resgatar os princípios e os valores que estiverem presentes desde o início. 

Patrícia, minha mãe e fundadora da escola, com seu avô Hugo Sarmento

Resgatei também cartas trocadas entre eles no século passado, quando o professor Hugo Sarmento já trazia seu envolvimento com a Educação do país e também com o acompanhamento dos estudos de sua neta Patrícia.

São João da Boa Vista, 24 de novembro de 1945

...

Quanto ao que decidiram sobre os estudos de Patrícia, cá estou às ordens da neta para orientá-la nos preparatórios de admissão ao 1ºano secundário. Com mais um treino nos próximos dois meses, provavelmente passará. Mas... o estudo não é só para passar em exames, muitas vezes falhos (e quase sempre é assim) e, por isso, inexpressivos; - o estudo deve destinar-se a ministrar-lhe as bases necessárias para aprender as disciplinas do 1ºano com mais facilidade. E o melhor medo de evitar a grande e invencível confusão que a petizada experimenta logo ao transpor o limiar de um terreno completamente estranho e todo eriçado de tropeços. Para mim, será, portanto, um esplêndido motivo para questionar com a neta.
                                                                                                Hugo Sarmento

As fotos do começo de tudo na casa da minha avó, depois na casa onde começou o Bola de Neve até a compra do terreno para a construção do Colégio trazem para todos as memórias dos lugares do que já foi vivido e experimentado.

Terreno antes da construção do Colégio

Mas são as fotos das pessoas e os depoimentos afetivos de todos que traduzem o valor de uma ideia inicial que se concretiza na relação entre as pessoas tão diferentes e que se tornam tão especiais.

 

Todos que estão aqui agora, comemorando conosco os 50 anos dedicados a arte de educar, levarão consigo este passado, ainda que não o tenham vivido. E agora todos trazem suas contribuições e experiências e ajudam a seguir com esta história.

E, vamos olhar para a frente, para o futuro dos jovens alunos, que certamente precisam aprender a se encantar com a vida numa escola que acolhe e ensina para o mundo, amparados pelo amor de quem educa, como numa família.


Que seja um feliz 2016 para todos!

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Estudar, sim! Mas, como? O trabalho de orientação de estudos na escola

Por Rosana Nunes , Eloisa Liebentritt e Marina Gozzi


Sabemos que, assim como escrever se aprende escrevendo, ler se aprende lendo... e estudar se aprende estudando!!!

Aqui no colégio, a aprendizagem dos procedimentos e de ferramentas de estudo acontece de forma contextualizada, gradativa e a serviço da aprendizagem dos conteúdos.

Acreditamos que, para estudar, o aluno precisa estar motivado. E essa motivação não é externa, mas sim interna, pois esbarra no desejo de conhecer e saber algo. Estudar um conceito envolve, entre outras coisas, relacioná-lo com outros, identificar situações nas quais ele pode ou não ser aplicado. Não é uma tarefa fácil! 

Os alunos precisam aprender a desenvolver estratégias de estudo que possam ser usadas dentro e fora da escola; por isso, durante o percurso escolar, compartilhamos e discutimos as formas de estudar, aproveitando para explorar a especificidade de cada área, pois, para cada uma delas existe uma maneira de produzir, de comunicar e de validar os conhecimentos.

Apresentamos noções do trabalho de orientação de estudos de uma forma muito cuidada, já no 3º ano do ensino fundamental, quando os alunos começam a ler textos com mais autonomia e a ter mais consciência do ato de realizar uma avaliação. Nas áreas de Ciências Sociais e Naturais, por exemplo, com o apoio da professora eles começam a grifar partes mais importantes do texto, a folhear o material já estudado e a destacar as informações que gostaram de aprender e as informações que não entenderam muito bem e, com o auxílio do adulto, a revisar as suas lições.



A partir do 4°ano, os alunos começam a fazer as suas primeiras anotações de aula orientadas pela professora, como, por exemplo, após assistir a um vídeo, analisar imagens, ler livros de pesquisa e obter informações da internet. 

Durante o ano letivo intensificamos momentos para o aluno conhecer, explorar e entrar em contato com diferentes procedimentos de estudo, como: fazer registros coletivos, grifar as partes mais importantes do texto, destacar palavras-chave, revisitar o que aprendeu, elaborar pequenos esquemas, realizar exercícios e planos de estudos.


O roteiro de estudos é uma outra forma utilizada para que os alunos retomem o conteúdo e foquem naquilo que é relevante. Também iniciam o uso de esquemas, que organizam o pensamento e os conceitos relacionados ao assunto abordado.



Em Matemática, os alunos são levados a rever seus cálculos e estratégias na resolução de situações-problema, identificando e refletindo sobre esses processos.


Quando chegam ao 5º ano, iniciam o trabalho com pequenos resumos, estabelecendo relações e organizando as ideias mais importantes, encontrando, a partir de sua experiência como leitor, seus conhecimentos sobre o tema e qual a forma de registrá-los para sua maior compreensão.

Neste 3º trimestre, os alunos do Ensino Fundamental II tiveram a oportunidade de participar de um trabalho de orientação de estudos para as provas trimestrais, envolvendo todas as disciplinas. Em conversas com os professores, alguns dias antes da semana de provas, levantaram os conteúdos e objetivos de cada prova, organizaram a busca dos materiais didáticos para o estudo (desenvolvidos durante o trimestre) e discutiram sobre as dúvidas/dicas para o momento de estudo.


Por meio de discussão coletiva, puderam perceber a importância de se ter os materiais em ordem, com anotações de aula, lições de cada feitas, atividades corrigidas, cadernos e livros completos. Assim, possibilitamos aos alunos a percepção de que, para estudar para uma prova de Matemática, por exemplo, não utilizamos as mesmas estratégias de quando estudamos para uma prova de História. E mais: é assim que vamos desenvolvendo, gradativamente, uma adequada e eficaz postura de estudante que tanto queremos para nossos alunos.


Além disso, os alunos realizaram atividades complementares que contemplavam os conteúdos e objetivos de cada prova, podendo elucidar dúvidas para ajudar nesse momento que antecede as provas trimestrais e que, para muitos alunos, é um período de grandes expectativas.

Acreditamos que, desta forma, o aluno possa identificar e utilizar diferentes estratégias que favoreçam sua aprendizagem de uma forma autônoma e organizada.

No ensino fundamental, a ajuda dos pais é essencial no ato de estabelecer horários e lugar e, assim, garantir condições para que o hábito do estudo aconteça de forma gradativa.

Todas essas estratégias têm a finalidade de o aluno transitar por diferentes habilidades cognitivas de forma tranquila e de se autorregular, no dia a dia, pois estudar é uma tarefa difícil, que exige concentração, persistência e hábito.
A nossa intenção é que o aluno, ao longo da sua vida escolar, possa selecionar, definir ritmo, profundidade e relevância do que é aprendido, para, assim, conseguir realizar o estudo com independência necessária a ponto de torná-la regular em sua rotina.

Finalizamos o texto com uma citação do educador Paulo Freire:

“...O ato de estudar exige que o sujeito assuma uma postura crítica e um compromisso ético, encarando o estudo como um desafio de aprofundar o conhecimento. A curiosidade, o espírito investigador, a criatividade, a criticidade e a humildade são elementos importantes para encarar o desafio do ato de estudar... Exige disciplina intelectual que não se ganha a não ser praticando-a...”

Referências bibliográficas:

Freire, Paulo. Considerações em torno do ato de estudar. In: Ação Cultural para a Liberdade. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

Aprenda como estudar em quatro etapas. Disponível em:

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

PREPARANDO AS COMEMORAÇÕES

Por Daniela Decourt


“Que responsabilidade! Que honra! Que orgulho!” Esse foi meu pensamento quando a Tica me pediu para criar a campanha de comemoração pelos 50 anos do Colégio.
É isso mesmo... Em março, mais especificamente dia 01/03/2016, o Colégio será um cinquentão!
Um cinquentão com espírito jovem, visionário, inquieto.
O cinquentão que eu escolhi para me acompanhar na formação da minha filha.
Sou designer e sócia da Guita Comunicação, uma empresa de criação de site, produção de conteúdo, desenvolvimento de campanhas de comunicação e gerenciamento de mídias sociais. Sou mãe da Duda, que estuda aqui há 4 anos e hoje está no 5º ano. E sou apaixonada pela escola!


Desde o primeiro dia em que fui conhecer o Colégio Hugo Sarmento, fiquei encantada. O verde, o espaço, a atenção das pessoas e, principalmente, a importância que davam à arte. Esse foi o principal diferencial para que eu escolhesse a escola para minha filha.
Mas, e agora? Como passar tanto sentimento por meio de uma campanha? Será que é possível?
Acredito que sim. Porque acho que os pais que têm seus filhos no Hugo sentem o mesmo que eu.
Para começar, criamos este selo de comemoração. 

Isto porque há uma teoria sobre a aprendizagem e o desenvolvimento humano em espiral que a escola acredita muito e que coloca em prática ao pensar no currículo escolar. A espiral representa a continuidade, a longevidade da escola. E o mais legal: o logo foi criado a partir de um trabalho dos alunos que unia os conhecimentos das aulas de física e de artes, outro valor da escola, a integração do conhecimento.


A frase “50 anos na arte de educar” sintetiza a escolha de vida dos fundadores da escola: enxergar o ato de educar como uma arte e a arte como uma forma de educar (seja por meio da expressão, da vivência, da experiência).
Daqui pra frente, ao longo de todo o ano de 2016, teremos comemorações. Afinal, Bodas de Ouro não são para qualquer um, né?
Estamos criando, juntos e com muito carinho, uma campanha que envolva toda a equipe, os alunos e seus pais. Tudo será compartilhado por meio das mídias sociais da escola (Facebook e Blog).

A escola nos pediu para organizar ciclos de palestras, exposições, encontros, uma série de atividades que nos permitirá nos tornar ainda mais próximos e admiradores da proposta desta escola madura e sempre à frente de seu tempo.

Da minha parte, só tenho a agradecer. Sei da minha “responsa”, mas estou muito honrada e infinitamente orgulhosa. Por mim, pela minha filha, e pela família Hugo Sarmento, da qual me sinto parte.”

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

VI SIMPÓSIO INTERNO - OS CAMINHOS DA PROPOSTA CURRICULAR

Por Theodora M. Mendes de Almeida



No próximo sábado, dia 7 de novembro, realizaremos o nosso VI SIMPÓSIO INTERNO. Como parte do trabalho de formação dos professores, estes encontros anuais têm os seguintes propósitos:

  • Interação e união da equipe
  • Aproximação das teorias e práticas educativas
  • Troca e ampliação dos conhecimentos
  • Valorização do ofício do professor

O documento curricular de uma escola é bastante dinâmico e é composto por muitos elementos que vão além da lista de conteúdos, envolve aspectos que dizem respeito à própria vida da escola, de como é estruturada e de como entende sua função social.

Para saber mais, assista ao vídeo 
O que define um currículo de qualidade? Katia Smole  Fundação Lemann
https://www.youtube.com/watch?v=FJgdsb7Um_c 

Convidamos a Professora Maria Estela Ferreira, Pedagoga do Instituto Singularidades, para fazer a abertura e esclarecer dúvidas sobre o tema.

Neste encontro vamos conhecer mais sobre a Base Nacional Comum Curricular – documento preliminar proposto pelo MEC que pretende reformular toda a base nacional.

“A base é a base. Ou, melhor dizendo: a Base Nacional Comum, prevista na Constituição para o ensino fundamental e ampliada, no Plano Nacional de Educação, para o ensino médio, é a base para a renovação e o aprimoramento da educação básica como um todo. E, como se tornou mais ou menos consensual que sem um forte investimento na educação básica o País não atenderá aos desafios de formação pessoal, profissional e cidadã de seus jovens, a Base Nacional Comum assume um forte sentido estratégico nas ações de todos os educadores, bem como gestores de educação, do Brasil.

Dois rumos importantes serão abertos pela BNC: primeiro, a formação tanto inicial quanto continuada dos nossos professores mudará de figura; segundo, o material didático deverá passar por mudanças significativas, tanto pela incorporação de elementos audiovisuais (e também apenas áudio, ou apenas visuais) quanto pela presença dos conteúdos específicos que as redes autônomas de educação agregarão.”
Renato Janine Ribeiro

A nova proposta do MEC pede a participação de toda a sociedade, portanto, se quiser participar:

Acesse o vídeo de apresentação da BASE 
https://www.youtube.com/watch?v=TVHrqfwa6UQ
Acesse o site http://basenacionalcomum.mec.gov.br

Ainda neste encontro apresentaremos a ideia de Currículo em Espiral de Jerome Bruner, professor de Psicologia e Diretor do Centro de Estudos Cognitivos da Universidade de Harvard nos anos 70, mais conhecido por ter dito que "é possível ensinar qualquer assunto, de uma maneira intelectualmente honesta, a qualquer criança em qualquer estágio de desenvolvimento" (1969,73, 76), desde que se levasse em conta as diversas etapas do desenvolvimento intelectual. Logo, a tarefa de ensinar determinado assunto a uma criança é a de representar a estrutura deste em termos da visualização que a criança tem das coisas. Aqui o que é relevante em determinada matéria a ser ensinada é sua estrutura.

Ao ensinar, Bruner destaca o processo da descoberta, através da exploração de alternativas, e o currículo em espiral, capaz de oportunizar ao aprendiz rever os tópicos em diferentes níveis de profundidade. Segundo Bruner, "o ambiente ou conteúdos de ensino têm que ser percebidos pelo aprendiz em termos de problemas, relações e lacunas que ele deve preencher, a fim de que a aprendizagem seja considerada significante e relevante”.

Assim, examinando a proposta do MEC, trazendo a contribuição de teóricos importantes e discutindo a nossa própria proposta curricular, vamos registrar ideias e encaminhamentos possíveis para realizar o melhor na educação e no futuro de nossos alunos. 

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

INCLUSÃO: uma demanda social que deve ser enfrentada sem rodeios

Uma nova lei tem trazido novamente ao debate a questão da inclusão de alunos com necessidades especiais nas escolas regulares.

Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015.
Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.

CAPÍTULO IV
DO DIREITO À EDUCAÇÃO
Art. 27 A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem. 
Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação

Educadores de todo o país vêm debatendo há anos as formas possíveis da inclusão. Essa não é uma questão nova. 

Em um primeiro momento, ao final dos anos 90, a discussão ficou restrita a questões bem mais simples como mobilidade e acessibilidade dos alunos com dificuldade de locomoção, o que exigiu adaptações nos prédios, classes e mobiliário das instituições. Pensando na enorme diversidade que o país apresentava (e ainda apresenta), naquela época tomou-se conta de que era inadmissível privar um estudante com dificuldades de mobilidade de pelo menos chegar a uma sala de aula. Prédios antigos foram adaptados e os novos passaram a ter a exigência de que deveriam permitir a acessibilidade. Mas o que temos visto é que, apesar de tanto tempo passado e de toda discussão, ainda não temos todas as escolas da rede pública totalmente adaptadas à acessibilidade. 

Com o tempo, não sem embates e discussões acaloradas, uma ampliação do conceito de “inclusão” foi se formando e dividindo, muitas vezes, especialistas, educadores, pais e poder público. Antes relegados a ficarem escondidos em suas casas, longe do processo escolar, ou em escolas especiais, crianças e adolescentes com impedimento de longo prazo, seja de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, por esta nova visão passaram a ter o direito de estarem integrados às escolas regulares. É bem possível imaginar o impacto causado com a entrada destes alunos na rotina do dia a dia pedagógico das escolas regulares públicas e particulares. Professores e equipe pedagógica, que não tiveram formação para atender a essas demandas, ficaram apreensivos.

Hoje, sabemos que, talvez, as escolas regulares não consigam atender indistintamente a todos. Em certos casos, as escolas especiais ainda podem ser necessárias para questões específicas de aprendizagem. Como preparar e encaminhar para o mercado de trabalho, ao final do Ensino Médio, alunos com graves dificuldades de aprendizagem ou transtornos mentais? Como alfabetizar uma criança que não enxerga, em Braille, o sistema de leitura pelo tato? Como ensinar Libras, a Língua dos Sinais, a uma criança surda? Como preparar material didático específico para essas crianças?

Aqui no Hugo, estamos atentos a esta questão já há muito tempo, procurando ampliar a formação dos educadores, tutores e coordenadores da escola. Nas reuniões semanais de professores, além das questões técnicas de como conduzir o aprendizado significativo desses alunos, buscamos focar nas questões emocionais, no relacionamento com colegas e nas relações escola-família. Em nossos Simpósios Internos Anuais, por exemplo, trazemos estudos de caso concretos e debates sobre diversas formas de trabalhar com transtornos de aprendizagem, síndromes e questões psicológicas que estas crianças e suas famílias enfrentam. 

Não é mesmo fácil, mas não é impossível. Alunos novos chegam e é preciso um tempo para conhecê-los e adaptar os planos para cada um. Cada caso é único. Temos tido, acreditamos, sucesso na maioria das vezes, com esforço, muito suor, às vezes algumas lágrimas, sempre buscando uma verdadeira parceria com a família e com os profissionais que atendem às crianças e adolescentes. A ideia é que atinjam autonomia suficiente para que tenham uma vida plena dentro e fora da escola.

O espírito da nova lei, cujo trecho foi reproduzido no começo deste nosso texto, como todas as anteriores, é colocar o deficiente em condições de igualdade e oportunidade para o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais, em especial ao acesso à educação. Esta é uma mudança de paradigma para toda a sociedade, em todos os campos. Não é uma vantagem para essas pessoas. É eliminar as barreiras, não só as arquitetônicas, para permitirmos seu acesso a tudo a que os demais têm à sua disposição. 


A direção do colégio participou ontem, dia 27 de outubro, de um debate organizado pelo Sindicato das Escolas Particulares sobre a aplicação da nova lei. Com representantes do Conselho Estadual da Educação, de membros do Ministério Público, advogados, supervisores da Secretaria da Educação de São Paulo e centenas de diretores de escolas, inúmeras dúvidas foram levantadas acerca da razoabilidade da aplicação da legislação como foi apresentada, dos aspectos legais e práticos da sua implementação. Por exemplo, discutimos sobre a possibilidade de se estabelecer o número ideal de alunos com necessidades especiais em cada classe para que os mesmos sejam incluídos de verdade. Questões como esta ainda vão demandar muito debate e exigirão bom senso.

Parte da crítica feita à nova lei é a transferência da responsabilidade do poder público de grande parte de suas obrigações para o setor privado. Custos com acompanhantes terapêuticos, cuidadores, tradutores de linguagem de sinais, adaptações diversas de materiais deveriam ser assumidos pelo Estado, ainda que na forma de isenção de impostos.

 A inclusão é uma demanda social que deve ser enfrentada sem rodeios. Porém, exigirá o esforço de toda a sociedade e de todos os envolvidos no âmbito governamental, nas escolas e nas famílias. Acertar todas as expectativas e vencer os preconceitos também deverá merecer a atenção de todos.