quarta-feira, 12 de agosto de 2015

ESCOLA É LUGAR DE BRINCAR!

Por Theodora M. Mendes de Almeida


Não é sem razão que o tema da brincadeira tem sido alvo de interesse de educadores de todos os tipos: pais e mães, pedagogos, pesquisadores, cineastas, jornalistas... A correria, a violência, o consumo e tantas dificuldades da vida contemporânea foram tomando o espaço da brincadeira.  

Alguns deles, de formas variadas, dedicaram seu tempo a defender a importância do brincar, como Gisela Wajskop, Renata Meirelles, Rubem Alves, Estela Renner, Adriana Klysis. Escreveram textos, poemas, fizeram documentários inteligentes e instigantes a que todos podem ter acesso. Procuramos estudar e oferecer aos nossos professores a oportunidade de incluir e vivenciar a brincadeira na escola junto com seus alunos.

Gisela Wajskop, em uma de suas publicações, nos diz que “Nas sociedades ocidentais atuais, sempre que se pensa na criança e nos cuidados e educação, faz-se uma referência ao brincar. Normalmente, a aceitação da brincadeira como parte da infância é consequência de uma visão social de que brincar é uma atividade inata, inerente à natureza da criança.”  

Este entendimento, porém, surgiu após a Idade Média, quando o brincar foi associado à criança e o trabalho ao adulto. A ideia de garantir à criança o direito de brincar é bem recente, principalmente a criança da cidade grande, que perdeu seu espaço de brincar. 


A visão romântica e saudosista da brincadeira foi também escrita de forma poética por Rubem Alves em seu livro QUANDO EU ERA MENINO: “Todo brinquedo tem de oferecer um desafio. "Desafio" é isso: uma coisa que a gente quer fazer mas é difícil fazer. Num brinquedo a gente está sempre "medindo forças" com alguma coisa: com a água (nadar é brincar com a água), com uma árvore (subir na árvore é brincar com a árvore), com uma pessoa (o "pique": quem corre mais rápido), com uma adivinhação (todo problema é um enigma a ser decifrado)... Um quebra-cabeças de 16 peças: que graça tem? É só olhar para saber onde as peças se encaixam. Mas um quebra-cabeças de 500 ou mesmo 1.000 peças: isso sim é um desafio. Aquele monte de peças em cima da mesa está nos dizendo: "Veja se você é capaz de nos ajuntar de forma que todas fiquemos encaixadas umas nas outras e desse encaixe apareça uma quadro...
Outro brinquedo de criança pequena é assobiar. Que inveja dos meninos maiores! E eu soprava que soprava, mas só saía o barulho do vento. Até que um dia, assobiei. Aí passei a assobiar o tempo todo e fui me aperfeiçoando. Até que ficou fácil. Assobiar deixou de ser um desafio. Mas um outro desafio surgiu: aquele assobio forte que se produzia pondo dois dedos na boca, debaixo da língua. Tentei muitas vezes e não aprendi. Ainda hoje eu tenho inveja...”


O filme Tarja Branca, um corajoso elogio do brincar, é um incrível manifesto pelo direito de brincar da criança, segundo jornalista da Carta Capital: “O maior recheio do filme está nas entrevistas que moldam um determinado discurso, preparam uma defesa para o tema proposto. Pessoas de profissões das mais diferentes funções, pedagogos, artistas, humoristas, psicólogos etc. misturam depoimentos pessoais com análises distintas e instigantes. Todos parecem concordar que o brincar é a atividade raiz da infância. Trata-se de uma atividade soberba porque expressa a plenitude, a expansão, a liberdade, a unidade. É a primeira maneira de ligação com o mundo social. Ela é, segundo um dos entrevistados, aquela água subterrânea que percorre todo o rio da vida que bebemos e de que dependemos.
 A proposta também escora-se nos adultos. Deve-se – por necessidade – resgatar a criança dentro de cada adulto. Não é uma tarefa simples, como procurar numa caixa velha uma ferramenta perdida, pois, na maior parte das vezes, nem percebemos o quanto nos tornamos sérios demais e ocupados demais para brincar não somente com os outros, mas com nós mesmos. Quantas vezes crianças não ouvem dos adultos que “hoje não dá, filho, estou ocupado”, “hoje não dá, filha, estou com muita pressa” ou “estou muito cansado”.


A forma de brincar também é motivo de preocupação. “O movimento Slow Kids acredita que, para as crianças se desenvolverem de maneira saudável, é preciso respeitar seu tempo – de descobrir, observar, experimentar. É preciso dar a elas espaço para que se conheçam, investiguem seus interesses, capacidades, emoções.
Acreditamos que o brincar é coisa séria. Que pular etapas e apressar fases do desenvolvimento da criança é encurtar o seu potencial e, com ele, sua sensibilidade e inventividade.
Defendemos que o tempo livre da criança seja valorizado e garantido. Ele é um caminho na contramão do acúmulo de informações e da construção de falsos desejos, cotidianamente induzidos pela sociedade do hiperconsumo e da informação. Incutir na criança necessidades que não são reais pode levar ao estresse, ansiedade e apatia.
Acreditamos, também, que o contato com a natureza é fundamental para a saúde física e mental da criança. Essa interação estimula o uso de todos os seus sentidos, e assim ela se apropria dos espaços, dos outros, de si mesma. Crianças que brincam regularmente com elementos naturais têm mais coordenação, equilíbrio e agilidade.
Queremos que a criança tenha vivências no mundo real, que sejam plenas, calmas e afetivamente significativas, e não meramente informativas. O impacto negativo da mídia e dos jogos eletrônicos é observado tanto no desenvolvimento físico das crianças como no emocional, social e mental. Por isso, defendemos que esse tempo seja limitado e que haja, sempre, a mediação ou o acompanhamento de um adulto.
Acreditamos que a terceirização do cuidado com as crianças é prejudicial ao seu desenvolvimento, pois a criação de vínculos afetivos fortes dá segurança para que ela tenha um desenvolvimento saudável e se prepare para enfrentar o mundo. Os pais devem assegurar tempo para estarem juntos – e focados. E não, não bastam 15 minutos.
Convidamos a todos para olhar para as necessidades das crianças no presente – hoje! – e não agir pensando apenas no futuro. Abrir mão do aqui e do agora pode trazer consequências graves para os pequenos, que marcam o restante de suas vidas.
Sonhamos com uma mudança em relação ao modo como recebemos nossas crianças no mundo. Sabemos que uma sociedade que cuida bem de suas crianças se humaniza."

Visite o site : www.slowkids.com.br


Para Renata Meirelles, nossa ex-aluna, “brincar é a principal e mais importante atividade da infância. É por meio dela que os pequenos investigam o mundo em que vivem e se preparam para amadurecer. Com seus bonecos, carros, comidinhas e fantasias, meninos e meninas descobrem novas emoções e experimentam sensações. Amam, odeiam, sofrem, alegram-se e, assim, fazem um treino complexo e rico para a vida adulta. “Fui uma criança que brincou muito e, mesmo depois de crescer, continuei apaixonada pelo tema”, afirma a pesquisadora Renata Meirelles, que sempre aproveitou viagens com amigos para observar rodas de crianças dos lugares que visitava. Em 2000, ela conheceu o americano David Reeks, que estava de férias no Brasil e cultivava o hábito de gravar os sons do país – a feira, o trânsito, as conversas de bar. Começaram a namorar, e ela fez a ele uma proposta: “Vamos para a Amazônia registrar as brincadeiras de crianças em vídeo?” Juntos, os dois visitaram 16 comunidades indígenas e ribeirinhas do Amapá, Pará, Amazonas, Acre e de Roraima para realizar o projeto que batizaram de Bira – Brincadeiras Infantis da Região Amazônica. O material das viagens resultou em documentários de curta metragem, apresentações, oficinas e palestras para escolas e no livro Giramundo, vencedor do Prêmio Jabuti.

Em 2012, já mãe de dois meninos (Sebastião e Constantin, então com 5 e 3 anos, respectivamente), Renata fez uma nova proposta a David: viajar pelo Brasil para registrar brincadeiras em diversos tipos de cultura. Proposta aceita, a família passou dois anos na estrada para realizar o projeto Território do Brincar. Durante as viagens, ela promoveu intercâmbios com educadores de escolas a quem, por Skype, contava e mostrava o que tinha visto. Depois, discutiam temas como trabalho infantil. As pesquisas do casal também renderam uma exposição itinerante que percorre escolas, festivais e praças Brasil afora e o documentário Território do Brincar, que estreou nos cinemas no mês passado. Agora, ela tem em fase de produção uma série infantil para televisão e outro livro. No próximo ano, Renata quer levar a família para uma nova jornada em busca de brincadeiras. Desta vez, pelo mundo.”  Revista Cláudia

Assista ao filme e acesse o site: www.territoriodobrincar.com.br


Adriana Klisys, pesquisadora, trabalha com projetos de resgate dos jogos e brincadeiras e faz a formação de professores para garantir um olhar especial sobre a hora de brincar na escola. Já esteve aqui conosco, atuando na formação de professores, fazendo oficina de jogos africanos e nos ensinando a criar e a montar jogos de tabuleiro com as crianças.
Adriana é diretora da Caleidoscópio Brincadeira e Arte  www.caleido.com.br


Aqui na nossa escola, sabemos da importância do brincar e garantimos os momentos de brincadeira em diferentes espaços e contextos. As brincadeiras tradicionais fazem parte do dia a dia da Educação Infantil. Na nossa coletânea de jogos e cantigas tradicionais, registramos este acervo maravilhoso, que vamos passando a cada nova geração.

             
 
 
 

E você, quer brincar?

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Decorar ou entender a tabuada?

Por Rosana Nunes

Os educadores das escolas de alguns anos atrás não colocavam em dúvida a necessidade da mecanização da tabuada, isto é, era ponto de honra saber a tabuada “na ponta da língua”. 

Porém, com a introdução dos conceitos da chamada Matemática Moderna, aconteceram muitas tentativas de mudanças e, principalmente, a busca por uma aprendizagem fundamentada na compreensão dos conceitos e processos matemáticos. Atrelado a isso, vieram muitas criticas com relação ao ensino tradicional e a obrigatoriedade de decorar a tabuada. O olhar era o de criar condições para que o aluno compreendesse o conceito da multiplicação para chegar ao resultado.

Ainda hoje essa discussão está presente, porém, há um consenso geral entre os educadores com relação à mecanização pura e simples no aprendizado da tabuada. Todos nós sabemos que a compreensão é fundamental, que não adianta recitar “quatro vezes seis, vinte quatro”, sem que tenha entendido o significado do que se está dizendo. Em todas as operações, a noção de número e o sistema de numeração decimal precisam ser construídos e compreendidos de preferência em situações-problema.

Para que os alunos saibam o significado de multiplicar, é preciso que tenham clareza quanto as ideias envolvidas na multiplicação e nas estratégias de cálculo. Dessa forma, saber que 4 x 6 = 6 + 6 + 6 + 6 é tão importante quanto compreender que  24 = 12 + 12 ou 6 + 6 + 6 + 6 .

A partir do 3º ano, os alunos começam a compreender que a tabuada é um tipo especial de tabela usada para representar as operações e passam a fazer uso da Tábua de Pitágoras para perceberem regularidades como: se eu sei que 3 x 6 = 18, também sei que 6 x 3 = 18. Com isso, quem não conhece o resultado da primeira operação, mas, desmembrando sabe o da segunda, consegue resolver a questão. Apoiado nessa propriedade, basta memorizar a metade dos produtos da tabela para saber o restante dela. Veja:


Construir diferentes recursos de cálculo aproveitando o que já se conhece é uma das estratégias usadas. Outra forma é utilizar as dicas dos colegas e os registros coletivos que são realizados durante todo o ensino fundamental I. Não basta apenas escrever as tabuadas, mas coletar e registrar as informações que aprenderam, fazer comparações entre duas tabuadas, transitar pelos diferentes recursos de jogos eletrônicos e manuais. 
Os alunos, a todo tempo, são convidados a passar por uma experiência de investigação e de organização de informações sobre tabuadas.


O uso dos jogos, problemas e atividades que envolvem regularidades são as melhores e mais desafiadoras formas de levar os alunos a perceberem como e por que memorizar as tabuadas. 

À medida em que as operações vão se tornando mais complexas, há uma necessidade de agilizar os cálculos e, consequentemente, de memorizar a tabuada. Isso significa que a ação de decorar resultados está mais para etapa final, ou seja, quando o aluno já sistematizou o que aprendeu, diferentemente do que acontecia no passado quando a memorização era o ponto inicial dos trabalhos. 

O trabalho aqui no colégio, até o término do Fundamental I, é o de permitir que os alunos aprendam e, ao final, memorizem as tabuadas com autonomia e em seu próprio ritmo!

Dica de sites para complementar os estudos:








https://www.matific.com/us/en-us ( baixar o aplicativo)

quarta-feira, 24 de junho de 2015

A biblioteca como um espaço de aprendizado e lazer

Por Beth Zemuner - Bibliotecária

Entende-se que a biblioteca não é um local inerte ou neutro. É, sim, um lugar para onde convergem informações sobre o mundo, fragmentos do saber e da realidade, além de ficção e obras verossímeis. Em outras palavras, pode apresentar-se em duas vertentes: segundo Brettas (2010), ela tem a função e a possibilidade de influenciar uma coletividade quanto à sua identidade e ideologia, e a de estimular a leitura quanto à produção de novos conhecimentos, bem como quanto à fruição do lazer.


A Biblioteca Patrícia Helena Mendes de Almeida (nome de nossa fundadora, apaixonada por livros) visa atender às necessidades informacionais de nossos alunos, equipe pedagógica e pais de alunos do Colégio Hugo Sarmento. Possui um acervo de mais de 11.000 títulos, 70 DVDs e 250 CDs, que compreende todas as áreas do saber, com um enfoque maior para a literatura infanto-juvenil e a arte. Temos também livros em inglês e espanhol para todas as idades. 

 

A escolha do acervo é criteriosa. Durante o ano incorporamos diversos livros novos ao nosso acervo, com destaque para os que fazem parte dos projetos (como o Projeto África, Grécia, Aves, Cultura Indígena, Nutrição, China, entre outros), além de livros para leitura em sala de aula, novidades do mercado editorial e uma parte reservada especialmente para orientação aos pais, que disponibilizamos nas nossas Rodas de Biblioteca de Pais, para auxiliá-los na tão desafiadora e gostosa tarefa de educar. 


Configura-se a biblioteca, pois, como um espaço sociocultural que dispõe de produtos e serviços informacionais e culturais, possuindo em seu acervo uma ampla gama de assuntos. Assim, ela aparece como uma instituição fundamental para cumprir tal objetivo. 

 

A biblioteca realiza, ainda, alguns eventos, como a Livromania, encontro com autores e ilustradores que ocorre a cada 2 anos e neste ano, pela primeira vez, a Troca de Livros, na qual propusemos aos alunos, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, trazer até três livros para trocar por outros (de igual interesse), incentivando-os a mergulhar nesse mar de sensações boas que é separar um livro especial para que outra pessoa possa desfrutar da história por ele lida anteriormente. 

TROCA DE LIVROS

CHUVA DE POESIAS

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

Promove, ainda, a visita de Editoras, com seus promotores especializados em educação para oferecer suporte aos professores para a escolha dos livros para os alunos.

A biblioteca ainda oferece um ambiente aconchegante para estudos e, nos intervalos das aulas, atividades lúdicas voltadas para o desenvolvimento cognitivo das crianças, como interação com jogos de tabuleiro ou de cartas.


Procuramos ouvir o que os alunos nos pedem – se para os adultos o apoio é a função mestra, na biblioteca infanto-juvenil o objetivo maior deve ser o acolhimento e o estímulo à leitura e à busca de conhecimento. É isso que nós do Colégio Hugo Sarmento buscamos, identificar e tornar acessível esse conhecimento.

A BIBLIOTECA NAS FÉRIAS

Em julho, nossa biblioteca estará aberta para o empréstimo de livros para  crianças e adultos. 

Reserve o seu e divirta-se!


BIBLIOGRAFIA

BRETTAS, Aline Pinheiro. A biblioteca pública: um papel determinado e determinante na sociedade. Biblos: Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, Belo Horizonte, v. 24, n. 2, p. 101-118, jul./dez. 2010. Disponível em: <http://www.seer.furg.br/biblos/article/view/1153/1030>. Acesso em: 24 nov. 2014.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Ler notícias no 3° ano

Por Débora Rabello

Apesar da pouca familiaridade com a esfera jornalística, as crianças têm acesso a jornais televisivos e sabem que a função principal das notícias é a de informar a respeito do que está acontecendo no mundo em que vivemos.

Criar o hábito da leitura de jornais em sala de aula amplia o vocabulário e a compreensão de textos. Aqui no colégio, usamos o jornal também como ferramenta de pesquisa e investigação sobre os fatos cotidianos.

Segundo Ana Teberosky, “Existem duas maneiras de conhecer o que existe à nossa volta: por meio de experiência vivida ou por meio da experiência referida. A notícia faz parte do gênero de tipo informativo derivado, por especialização, do gênero mais amplo da narração histórica. O gênero informativo e o critério verídico dos fatos referidos caracterizam a notícia jornalística.”

Para conhecer melhor esse tipo de texto, os alunos do 3°ano iniciaram a “Roda semanal de Notícias” , ampliando assim sua visão de mundo, pensando sobre as informações e discutindo pontos de vista .


Inicialmente fomos dando oportunidade aos alunos de manusearem o jornal por inteiro – buscaram os cadernos que mais os interessaram, vendo fotos e lendo títulos, subtítulos e o início de cada reportagem, para saber se valeria seguir até o final. 

Depois de o manusearem, perguntamos às crianças: O que poderíamos encontrar no jornal? Prontamente responderam:

– O que aconteceu no dia.

– Informações sobre a cidade.

– A previsão do tempo.

– Às vezes os cientistas olham os jornais para saberem o que está acontecendo.

Após nossa conversa, partimos para o principal objetivo: trabalharmos o conceito do lide (abertura da notícia), que transita pelas seguintes perguntas: 

Quem?

O quê?

Quando?

Onde?

Como

Por quê?

 

Este gênero textual está presente nas diversas situações que permeiam nosso cotidiano em revistas e jornais, impressos ou virtuais e, por isso, aproveitamos o Projeto Água como tema de investigação e debate. Montamos um painel de notícias para compartilhar com todos da escola.

A primeira notícia que lemos foi sobre a dessalinização da água (Revista Veja: A solução que veio do mar – 20/05/2015). Nosso objetivo foi despertar nos alunos a curiosidade pela palavra dessalinização, o que de fato ocorreu e, assim, conversarmos sobre a estrutura da notícia ganharia um outro significado.

Conversamos bastante sobre esta palavra, criaram hipóteses sobre o seu significado e, por fim, procuraram no dicionário para conferir. Em seguida lemos o lide e perguntei se queriam que continuasse a leitura e a resposta foi: “Simmmmm!!!” 

Ouviram atentamente toda a notícia e discutimos sobre as descobertas. A partir daí, a cada semana uma dupla de alunos traz uma notícia sobre o assunto da água para discutirmos e aprofundarmos os seus aspectos explícitos e implícitos.

Uma das notícias que chamou mais a nossa atenção foi sobre a estiagem no sistema Cantareira. As perguntas (após a leitura do lide) foram:

O que é estiagem?

Mas, se está chovendo por aqui, por que não chove lá onde precisa

Qual é o tamanho do Cantareira?

– O que é manancial?

Nem todas as respostas estavam ali e, após a leitura do restante da reportagem, fomos em busca de mais informações em textos informativos científicos, estimulando a curiosidade e completando os conhecimentos.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Sobre escolas e palavrões

Por Pedro Mancini


Dentro da turbulenta rotina escolar, o “palavrão” é um dos grandes fantasmas que assustam pais e educadores, causando grande constrangimento nos lugares em que se manifesta. Usados tanto para extravasar as tensões como para agredir colegas, os palavrões são ditos não apenas pelos mais velhos, como por crianças bem pequenas que, percorrendo diferentes círculos de sociabilidade, estão especialmente sujeitas às mais variadas influências durante o processo de formação da linguagem. 

Muitas dessas crianças estão apenas experimentando palavras recém-descobertas, sem entender o seu significado imediato; essas novas palavras são ditas de forma acrítica e fora de contexto, muitas vezes resultando em um “erro de comunicação” pelo uso incorreto dos termos usados. A criança, desconhecendo o significado real do “palavrão”, utiliza-o sem conhecer os reais impactos da palavra frente ao outro, ou seja, sem imaginar o quanto ele é capaz de machucar ou indignar aqueles com quem ela interage. Nesses casos, educadores e pais detém o papel de informar os significados dessas palavras, incluindo, aí, seu potencial ofensivo, de modo que a criança desenvolva suas habilidades linguísticas e escolha melhor as palavras a usar nas conversas em que se engajar.

A utilização do palavrão, entretanto, nem sempre é inocente da forma acima apontada. Especialmente entre os adolescentes, seu uso é corrente e consciente, mais próximo do uso dado pelos adultos na sociabilidade com seus pares. As pessoas utilizam o palavrão para demonstrar frustração, raiva, revolta ou até emoções positivas, como a alegria de conquistar uma boa nota de modo inteiramente imprevisto; embora controverso, o palavrão cumpre, desse modo, a importante missão de expressar fortes emoções represadas, que acabam por “escapar” de forma explosiva. De certo modo, pode ser um sinal claro de que a pessoa está “viva”, no sentido mais pleno do termo, mesmo em situações sociais totalmente inapropriadas.

Muitas vezes, assim, vemos que o “mau uso” do palavrão não está na incompreensão de seu significado, mas na falta de reconhecimento dos momentos cabíveis para sua utilização. Como modo informal de comunicação e de expressão de sentimentos, ele é utilizado entre amigos em ambientes e momentos de descontração: em casa, em festas, na rua, entre outros. Já em um ambiente profissional, um funcionário pode encontrar sérios problemas ao utilizá-lo na frente de seus colegas e superiores. O palavrão, por mais que possa ser individualmente libertador, é inapropriado a uma série de situações sociais – e seu uso desenfreado pode resultar em graves prejuízos para as relações estabelecidas pelo indivíduo. 

Voltando ao campo da educação, para uma escola acolhedora e voltada a ideais mais democráticos – menos focada, portanto, na “obediência acrítica” de seus alunos –, a questão do palavrão torna-se ainda mais complexa. É possível incentivar a expressão pessoal reprimindo totalmente essa espécie de manifestação linguística? Como escapar do simples “moralismo” da proibição do palavrão “porque é feio”, sem cair no erro de fazer vista grossa a desconfortos causados pelo seu uso impensado? Acima de tudo, cabe à escola preparar a criança para viver em sociedade, aceitando o convívio com o diferente e o contraditório, e essa consideração deve nortear qualquer postura da instituição frente à tolerância aos palavrões no cotidiano, evitando-se os extremos do autoritarismo moralista e da liberalização irrestrita – e, portanto, irresponsável.

Para cumprir nossa missão, precisamos desenvolver a habilidade de comunicação e de empatia dos educandos, garantindo que aprendam a ouvir e a serem ouvidos sem recorrerem à violência física ou verbal para resolver suas disputas diárias. O palavrão, quando utilizado para atacar o próximo (e não apenas ele, já que há inúmeras formas de ofender sem utilizar palavras vulgares), encerra a possibilidade de compreensão mútua e de resolução racional e moderada de conflitos. Nesse sentido, é importante que a criança aprenda a resolver disputas sem recorrer a estratégias para minimizar e ridicularizar o outro, operacionalizadas, muitas vezes, pela apropriação do palavreado vulgar. A utilização de palavrões nessas ocasiões, diferentemente do palavrão como “desabafo emocional” não-agressivo, deve ser combatida com vigor em todos os ambientes, dado que dificulta a plena convivência pacífica e democrática – aprendizado que se faz urgente em dias tão turbulentos como os atuais. 

Além disso, é preciso preparar o jovem para perceber as regras sociais que operam nos diferentes ambientes em que irá frequentar – para cada um desses espaços, há normas de convivência específicas, tanto explícitas quanto implícitas. Desse modo, há horas e lugares determinados para o uso de palavrões e de outras formas expressivas – como na sociabilidade entre amigos, conforme já citamos. É possível (e, às vezes, até desejável) contestar tais regras de convívio social, mas o indivíduo deve estar ciente dos riscos que assume ao fazê-lo. 

O uso do palavrão, em momentos de maior seriedade e formalidade, por exemplo, pode resultar em situações bem embaraçosas, além de gerar conflitos desnecessários. Em um debate com fins construtivos, um vocabulário desse tipo pode desestabilizar a discussão, inviabilizando um consenso racional a respeito da questão em pauta. Quando usado no diálogo com o professor, pode transmitir descaso com o profissional e seu papel, possibilitando atritos na relação educador-educando que resultam em prejuízos indiretos para o aprendizado.  Enfim, o mesmo palavrão que pode aproximar, real ou ficticiamente, amigos e colegas ao facilitar a expressão de seus sentimentos em momentos de descontração, pode, fora de contexto, prejudicar ou romper relações caras para nossos jovens.

Compete à escola colocar esses pontos em pauta, problematizando-os com os alunos no dia a dia, ao invés de deixar-se assustar pelo fantasma da vulgaridade. Os palavrões devem ser encarados de frente, mas sem moralismos superficiais, para que possamos fomentar as mais plenas formas de convivência democrática entre nossos garotos, preservando relações respeitosas e construtivas. 

terça-feira, 2 de junho de 2015

Por que estudar sobre a China?

Por Theodora Maria Mendes de Almeida

Sempre achei que o que mais me interessa no trabalho como educadora é aprender junto com os alunos. Não ao mesmo tempo, nem do mesmo jeito, mas ir descobrindo e se encantando com as possibilidades de cada tema de estudo.

Estudar sobre um país ou uma cultura específica amplia enormemente o conhecimento de mundo, a visão do que é diferente,  nos faz perceber e compreender as influências que sofremos mesmo sem saber.  


A China é uma das mais antigas civilizações do mundo. Nos últimos anos, notícias sobre o crescimento da China como potência mundial têm ampliado a curiosidade sobre este país: como vivem, como se organizam, quais seus valores e interesses, como fazem para manter suas tradições e conhecimentos?

Acreditamos que estudar História não é apenas conhecer e entender os caminhos trilhados pelo ser humano no passado, mas realizar uma leitura critica de nosso presente, compreendendo a forma como nossa sociedade está constituída atualmente.

A China Antiga já foi tema de estudos de muitos grupos de alunos, mas a ideia de revisitar o assunto neste ano surgiu quando assisti ao filme MADE IN CHINA, de Estevão Ciavatta e Regina Casé. Esperava ver um filme divertido, mas foi mais do que isto, pois trouxe o questionamento  sobre o reflexo da economia de um país sobre o outro, as consequências para a economia, as relações sociais e o equilíbrio de todo o planeta.


Um tema de projeto rico como este, proposto para toda a escola, proporciona a todos enorme rede de aprendizagem. Todos pesquisam, aprendem e ensinam juntos: professores, alunos e pais.


Ler os contos é uma maneira de ir entrando neste universo. Mas, não se trata só de ler e escrever sobre o tema, o que já seria importante, mas descobrir as imagens, os sabores, os pensamentos e ensinamentos profundos. Um povo que inventou tantas coisas que mudaram o rumo da história da humanidade como o papel, a bússola, a pólvora, o macarrão, dentre tantas outras coisas.

Para o estudo das Ciências Sociais, no Fundamental I trabalhamos com diferentes fontes históricas, como jornais, fotografias, livros, músicas, mapas, lendas, pinturas etc., com o propósito de ajudar os alunos a entenderem a construção da história e suas transformações. 
A intenção principal é ensinar que a História se constrói sob diferentes pontos de vista, por isso apresentamos uma diversidade de gêneros e favorecemos a interpretação de cada um. 

A exploração do mapa-múndi nos leva a pensar sobre a distância que nos separa, as dimensões deste país e a diversidade de paisagens e biomas.

A medicina, a alimentação e a filosofia do bem estar, as artes marciais, tantos temas importantes para experimentar e conhecer. O plantio do chá e o hábito cerimonial de tomar esta bebida, que aquece e traz saúde, será apresentado a todos para que sintam também o sabor da China.

 



As vivências já começaram com a experimentação do Tai Chi Chuan, no Dia das Mães, as primeiras produções artísticas e leituras.

 

Os alunos do Grupo 4 começaram suas pesquisas pelos animais e o encantador Urso Panda, comedor de bambu, despertou imenso interesse! Descobriremos juntos a enorme variedade da fauna e da flora deste imenso e diverso país. Com auxilio dos encaminhamentos das Ciências Naturais, levantaremos hipóteses e consultaremos textos informativos sobre estes animais e seus habitats.

Estamos preocupados também em fazer com que os alunos reflitam sobre as questões relacionadas ao consumo e à degradação do planeta, questionando e refletindo sobre o futuro que queremos.

Os alunos do Fundamental II e Ensino Médio começaram fazendo uma visita ao Templo Zu Lai e ouvindo uma palestra com convidados do Instituto Sidarta sobre a cultura chinesa e o mandarim.

 


Todo projeto pressupõe um produto final no qual se compartilha o que foi aprendido. Neste caso será a Exposição, evento tradicional do Colégio que acontece em setembro, quando reuniremos o resultado deste aprendizado, desde a educação infantil até o ensino médio. 

Aspectos como: descobertas, arte, medicina, alimentação, língua escrita e falada, ambiente, economia e tantos outros serão representados por todos,  cada classe conforme suas possibilidades e interesses.

Contamos com a colaboração de todos que puderem enviar materiais para o enriquecimento do tema – livros, fotografias, brinquedos, o que puder enriquecer as pesquisas.

Venha viajar conosco! 



PARA SABER MAIS:

Documentários 

- A Mariposa do Império sobre a produção de seda na China:

- O mundo segundo os brasileiros

- A cidade proibida

- A história da China

- Documentário Natgeo

Outros links


- O mundo segundo os brasileiros - Pequim

- Destino Educação 

- Receitas Chinesas

- As festas

Jogos

Para jogar on line

Arte

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Atenção e memória

Até a ciência explica por que é importante prestar atenção, fazer lição de casa e dormir bem.
Por Simone Violante

Quantas vezes já dissemos aos nossos alunos e filhos: “Como você quer aprender sem prestar atenção?” 

A atenção é a habilidade de estar focado num objeto, numa atividade, numa informação. 

Memória pode ser definida como a aquisição, conservação e evocação de informações. Faz parte do  aprendizado a aquisição de dados e as lembranças são a evocação do que foi armazenado. A  memória não é só a retenção de conhecimento, mas também é ativadora da imaginação, interpretação, reinvenção, as quais atuam sobre o que é recordado pelo indivíduo. A memória é a capacidade do ser humano em conservar e relembrar mentalmente conhecimentos, conceitos, vivências, fatos, sensações e pensamentos experimentados em tempo anterior. A memória refere-se à retenção de habilidades adquiridas ou de informação e em situações cotidianas, ou seja, está relacionada a grande parte do que aprendemos durante a vida escolar.

E o esquecimento? Ele é a falta de evocação desses dados. Nosso cérebro tem a capacidade de guardar aquilo que julga importante – por motivos diferentes: interesse, motivação, afeição, trauma etc – e deixa de lado tantas outras coisas.

Os  mecanismos pelos quais a memória é adquirida são complexos e passam por diversas etapas, além de ocorrerem em diferentes partes do cérebro.

Se houver falhas em alguma etapa, a memória fica comprometida.  Não é possível evocar uma informação se ela não foi devidamente arquivada. Para que o ser humano possa reter na memória  determinada informação, é necessário que sua atenção esteja voltada para isso. Sem atenção, não há qualquer possibilidade de guardar-se um fato e, sem guardá-lo, não há como recuperá-lo depois.

E mesmo que o cérebro seja capaz de retê-lo, sua consolidação depende de alguns fatores: a frequência da sua utilização e das alterações cerebrais que ocorrem durante o sono. O conteúdo trabalhado na escola, por exemplo, será evocado em outros momentos e a lição de casa auxilia neste processo com a retomada dos fatos e dados, sua aplicação e repetição. Além disso, a memória é consolidada quando a pessoa está dormindo. Se ela não dorme, o registro não acontece. Estudos mostram que entre os jovens as falhas frequentes do processo de memorização estão relacionadas a problemas como distúrbios do sono ou déficit de atenção – quem dorme mal ou pouco, pode mostrar-se mais irritado e com menor capacidade de concentração durante o dia, o que vai incidir diretamente na memória, com os reflexos neuronais lentos que comprometem também o raciocínio. Por isso, é importante insistir e garantir noites bem dormidas.

O uso de álcool e outras drogas psicoativas também interfere na memorização: adolescentes com dependência de álcool, por exemplo, apresentam mais dificuldade em recordar palavras e desenhos geométricos simples após um intervalo de 10 minutos, em comparação a adolescentes sem dependência alcoólica. 

O mundo eletrônico também pode interferir diretamente na atenção. Com os smartphones, a internet na palma da mão leva os alunos a desviarem a atenção para jogos, troca de mensagens, postagens em redes sociais nas horas “mais erradas” – a tentação de usar o celular durante as aulas e à noite, antes de dormir, podendo invadir a madrugada.

A saúde do cérebro depende de uma série de atividades e ações. Para uma memória saudável e eficaz é preciso começar a treinar desde cedo através dos jogos de atenção e memorização, oficinas,  leituras etc. E não basta apenas ler, é preciso também dialogar, expor opiniões, pois, durante a atividade argumentativa, o cérebro é requisitado para opinar e replicar. Assim, a argumentação é fundamental para a memória. 

Algumas dicas para ajudar pais e alunos a manterem o foco! 

• Criar uma rotina de sono – estabelecer um horário limite para dormir e acordar é uma das melhores maneiras de espantar a sonolência da manhã. As crianças necessitam entre 9 e 10 horas de sono ininterrupto. Os adolescentes precisam dormir de 8 a 9 horas e meia  por noite;



• Escolher o alimento certo na hora certa – nunca sair de casa sem café da manhã e não ingerir alimentos estimulantes antes de dormir, como chocolate e cafeína;


•  Antes de dormir, manter os aparelhos eletrônicos (computador, smartphone, videogame, TV) desligados;
•  Organizar a rotina para os estudos em casa como horário e local para fazer a lição;
•  Estimular a atividade mental com hobbies e leituras;
•  Fazer intervalos frequentes entre as atividades para garantir melhor nível de concentração.

Para saber mais:


quarta-feira, 20 de maio de 2015

Brincando em serviço

Uma reflexão sobre brincar e jogar na hora do recreio livre
Por Thiago Ferreira

Toda cultura tem seus códigos – o conjunto de leis, os rituais que marcam as fases da vida, os protocolos sociais, os sistemas de ensino, a organização do trabalho e as linguagens. Nessa diversidade, os jogos e as brincadeiras estão presentes em todas as culturas, nos mais diferentes períodos históricos. Conhecer os jogos e brincadeiras é apropriar-se de cultura e esse ciclo é mantido por uma demanda de identidade, como explica o professor Marcos Garcia Neira em “ O ensino das práticas corporais na escola”:

É por meio de suas produções que as pessoas estabelecem uma relação comunicativa com a sociedade. Isso implica o entendimento dos artefatos culturais como textos passíveis de leitura e significação. Assim, as práticas corporais podem ser compreendidas como meios de comunicação com o mundo, constituintes e construtoras de cultura. 

Um simples gesto é capaz de passar uma informação, um corpo pode ampliá-la e um grupo é capaz de produzir um texto. Pensando por esse prisma fica mais fácil entender a educação estar incluída na área de linguagens. Nosso país tem suas regionalidades nas brincadeiras e jogos e, com uma observação simples, é possível perceber neles uma série de aspectos culturais.

Segue um link com diversas práticas de jogos e brincadeiras no Brasil: 
Clique aqui e assista também ao primeiro trailer do filme de Renata Meirelles (ex-aluna do Colégio) sobre as brincadeiras. 

Escola também é lugar de brincar e jogar; aqui no colégio dedicamos um olhar especial para garantir a qualidade das relações, o uso do espaço coletivo e facilitar as práticas quando necessário.

 
É bastante comum o grupo de alunos escolher brincadeiras que aprenderam na escola, caracterizando a apropriação da troca de informações; como exemplo, podemos citar as variações do jogo de queimada ou as diferentes maneiras de brincar de pega-pega. A hora do recreio faz um convite ao mundo do jogo e da brincadeira. Brincar é seguir combinados, colaborar e fazer da diversão o objetivo final. A definição do brincar é ter um fim em si mesmo e, nesses momentos, a integração está garantida.

Observar o recreio, o grupo, o que fazem e como fazem, é uma janela aberta para o entendimento de como são adquiridos nossos códigos sociais e como se apropriam
da cultura e a modificam. Nos jogos, dentre um vasto repertório possível, o futebol, por vários motivos, tem sido o escolhido. O futebol só fica entediante se houver desequilíbrio nas partidas, um time muito mais forte, por exemplo. Não é o que acontece; ainda que a quadra esteja cheia,  com muitos integrantes nos times, quem participa já domina o conjunto de regras e são feitos combinados do tipo “5 minutos ou 2 gols”.

 

As brincadeiras de perseguição, como pega-pega e rouba bandeira, têm seu lugar garantido, e chamo a atenção para um ponto interessante: os jogos e brincadeiras com caráter colaborativo também estão presentes, seja numa roda de embaixadinhas, seja em arremessar e receber bola de futebol americano, as crianças experimentam as opções e desenvolvem suas preferências.

 

Jogos coletivos competitivos (incluindo o pebolim), brincadeiras de perseguição (também competitivas), e brincadeiras colaborativas não são os únicos formatos; cito ainda mais dois, as brincadeiras de sorte e as de vertigem.

 

Começo com as de vertigem, aquelas que deixam adultos de cabelo em pé, como pular de dois ou mais degraus, virar estrela e cair na ponte (posição de yoga); todo conjunto de desafios corporais  são importantes, pois ajudam a superar os próprios medos.

 

Já as brincadeiras de sorte são incríveis, não fazendo diferença a habilidade, velocidade ou qualquer vantagem, pois basta conhecer as regras e, quem não as conhece, rapidamente pode participar como “café com leite”. Essas brincadeiras de sorte aparecem, dentre outros espaços, na sala de jogos, durante os recreios em dias chuvosos.

 

Observamos também os grupos que jogam online: é a turma do Minecraft. Eles adoram a possibilidade do desafio e de reconhecer os amigos na tela do tablet, criam e solucionam problemas entre si, na mesma plataforma. Ver essa roda de jogo explica o avanço da internet, das redes sociais e das opções que temos disponíveis graças ao avanço da tecnologia, um recorte que ilustra bem nossa organização social.


O universo de jogos e brincadeiras é apaixonante e olhar para isso com um “zoom” de cultura corporal acrescenta boas informações sobre nossa cultura e possibilita conhecer práticas novas. Questões importantes, valorizadas e realizadas aqui no colégio, pois sabemos que brincar é coisa séria!

Para quem se animou e quer conhecer uma brincadeira nova, deixamos um site para lembrar, conhecer e colocar em prática: http://mapadobrincar.folha.com.br/

REFERÊNCIAS

NEIRA, M. G. O ensino das práticas corporais na escola. In: Práticas corporais: brincadeiras, danças, lutas, esportes e ginásticas. São Paulo: Melhoramentos, 2014. p. 15-22.